Tomodachi no Imouto ga Ore ni Dake Uzai – Uma divertida mistura entre Saekano e Takagi-san | Review
Tomodachi no Imouto ga Ore ni Dake Uzai é uma novel que podemos dizer que faz parte dessa nova geração de comédias românticas que tem saído e que, para minha surpresa, é uma obra até que bem interessante.
Não é nenhum masterpiece, mas é algo que vale a pena ficar de olho no futuro, caso venha ter alguma anime, ou para quem quer uma obra descompromissada para ler.
Em linhas gerais, TomoImo, como é abreviado, é uma obra bem dentro dos padrões. Ela acompanha a história de um garoto que tem como principal fundamento romântico a ideia de que, se você ama alguém, você não vai maltratar essa pessoa, e com base nisso, acaba desconsiderando boa parte das possíveis pretendentes que tem, já que elas, naturalmente, são garotas que o provocam, ou o tratam mal.
Essa premissa pode parecer simples, mas acaba funcionando bem, principalmente por conta da forma como o autor escreve. A leitura da novel é bem divertida, e a maneira como as cenas são descritas, além das tentativas de fugir do modelo padrão de texto, adicionando conversas de chat dentro da história, acabam deixando tudo mais interessante de ler.
Em adicional, os personagens também conseguem fazer um bom trabalhado, ajudando a história seguir sem grandes problemas e completando bem esse kit padrão que comédias românticas precisam ter.
Outro fator curioso é que o autor mexe bastante com a curiosidade dos leitores. Todos os personagens tem algum passado obscuro, que ficam sendo apontados durante a histórias, e que vão te fazendo ficar interessado em saber mais sobre eles.
A menção a Saekano, por sinal, entra justamente aqui. Por mais que inicialmente a história parece ser sobre estudantes normais, em verdade, cada um deles tem um papel importante dentro de um grupo que desenvolve jogos, incluindo a professora do protagonista.
Essa mudança de perspectiva entre as duas vidas que os personagens levam não é tão profunda quanto em Saekano, mas ajuda a deixar a história intrigante, já que alguns personagens tem seus motivos para esconder o que fazem, além de, em outros casos, servir como alivio cômico.
Diferente do exemplo citado, o grupo do protagonista já tem um produto lançado, o que faz com que essa comparação acaba sendo mais simbólica, já que a ideia ali não é ver eles criando um jogo, mas sim lidando, em certos casos, como essa vida dubla, ou tentando se firmar no mercado de jogos.
Saindo do ponto Saekano, temos então o lado Takagi-san da coisa. Como falei no começo, a ideia base da light novel é um protagonista que não vê amor naquelas provocações, ou tsunderagens, por mais óbvio que seja, sem importar quantas vezes o seu melhor amigo diga que a garota está afim dele.
Antes que pareça que isso seja um problema, na verdade, eu acabei lidando bem com a situação. O autor não me fez sentir aquele sentimento ruim de estupidez que alguns protagonistas tem, e até consegue argumentar bem a ideia do protagonista para te convencer do que ele fala, afinal de contas, se as garotas fossem sinceras, ele poderia notar mais fácil, porque, em verdade, ele não é tão denso assim.
O que me incomodou um pouco, e que pode acabar virando um problema para alguns, é a falta de maturidade que a Iroha tem em alguns casos.
As provocações em Takagi-san conseguem funcionar porque são duas crianças, é você meio que leva isso na brincadeira, mas quando estamos falando de uma adolescente, que deveria entender bem as ações que está tomando, as coisas nem sempre funciona a favor da obra.
Foram poucos os momentos, mas ainda aconteceu de eu achar as provocações da Iroha bobas, ou desnecessárias. Ela não me parece o tipo de personagem estúpida, então, quando age como tal, acaba criando um contraste não tão positivo assim.
Como por exemplo, fazer algo que claramente vai prejudicar o protagonista de alguma forma, mesmo que não tão sério assim, e que ela poderia evitar com um pouco de maturidade, mas insiste em fazer apenas para irritar ele.
Tirando esse ponto, no geral, as provocações até que funcionam bem, mesmo não fugindo muito do clichê que tem por aí, como aquelas situações onde a garota aperta os peitos nas costas do garoto para deixá-lo nervoso.
Na verdade, vale ressaltar aqui, que boa parte disso se deve ao protagonista não tomar ações óbvias. Mesmo que ele ainda fica nervoso ou envergonhado, às vezes consegue agir de forma ativa, ou até mesmo desarmar a Iroha, o que ajuda a quebrar um pouco do clichê da cena.
Por fim, uma última coisa, que acaba sendo mais uma curiosidade, é que nesses dois volumes que li (atualmente tem quatro traduzidos), mesmo que a Iroha seja o par do protagonista, ela não é a heroína principal desses arcos.
A Mashiro, famosa amiguinha de infância, é que tem mais destaque, porque ela tem seus problemas, e acaba se tornando a namorada de mentira do protagonista, e por conta disso, recebe bem mais atenção do que a Iroha.
Mesmo nessa situação, eu ainda achei o shipp com a Iroha melhor, porque ela é mais carismática, e as cenas que tem com ele acabam vendendo bem uma parceria entre os dois, mas, foi curioso perceber que a garota principal acaba tendo bem menos destaque na história, funcionando como um suporte pontual para o protagonista, ao invés de ter todo aquela introdução de costume.
Em resumo, Tomodachi no Imouto ga Ore ni Dake Uzai é uma obra divertida de ler, que consegue cumprir bem com os propósitos do seu gênero, apresentando personagens interessantes e uma história que cativa.
Para quem tem preguiça de acompanhar a novel, uma versão em mangá começou a sair recentemente (não li para saber se é fiel ao original), então pode ser uma boa pedida.