Horimiya #01 e #02 — Impressões semanais
Sirlene — Retornando de uma longa jornada por recantos distantes da internet, estamos aqui, mais uma vez, para comentar uma das adaptações mais aguardadas pelos “otakus apaixonados”. E aí, Breno, Horimiya também era uma das suas comédias românticas mais aguardadas para 2021?
Breno — Yahalo, Sirlene. Confesso que não conhecia a obra até o seu anúncio. Muitos leitores de outras análises minhas já falavam sobre, mas acabei não procurando. Pelo que tive de impressão desses dois primeiros episódios, já conseguiu me agradar. Mas é sempre bom salientar que eu não conferi o mangá, e você, Sirlene, como leitora da obra original, pode embasar melhor nosso material de análise, certo?
Sirlene — Sou suspeita para falar, já que sou uma consumidora enrustida de comédias românticas e drama, contudo, essa adaptação era uma das que eu mais ansiava, devido a qualidade do material original. Devo dizer que um dos pontos mais positivos desse primeiro arco é a narrativa orgânica e funcional. Tudo acontece na hora e no momento mais apropriado, sem muita enrolação ou pressa, e eu estava em dúvida se o anime conseguiria transmitir essa naturalidade de forma que nada parecesse forçado ou acontecendo de forma muito abrupta.
Breno — A narrativa é bem “cirúrgica”, eu diria. As coisas não demoram acontecer mas também não acontecem muito rápido. É até um paradoxo isso que eu disse, mas o ritmo (pacing) está muito agradável, ao menos para mim. Claro que existem algumas situações que a gente acha estranhamente engraçadas, tipo a cabeçada do Miyamura-kun no presidente e coisas do tipo hahaha.
Sirlene — Para as pessoas que estavam preocupadas com o corte de material e a possibilidade de uma adaptação meia boca, o anime está seguindo fielmente os acontecimentos do mangá, apenas retirando uma ou outra situação que não prejudica no resultado final dos acontecimentos, o que é natural. O corte é para que a narração caiba no tempo estipulado para cada episódio e para que a narrativa não fique muito densa e arrastada.
Breno — Dá pra sentir essa boa transição realmente. Os 20 minutos passam muito rápido. Sem falar, claro, que grande parte desse crédito vai para o carisma que a Hori e o Miyamura têm como protagonistas. Eu ainda não consegui sentir tanto apreço pelo elenco de suporte, mas os protagonistas mostraram que são muito dignos da posição que estão, né?
Sirlene — Sim, Hori e Miyamura possuem um carisma natural, não é uma interação clichê de animes do gênero, pelo contrário, o casal possui muitas características que fogem ao estereótipo desenvolvido para casais de romance escolar. Por exemplo, o Miyamura é introvertido e tímido, mas diferentemente de outras histórias, ele não é nem um pouco um “otaku trancado em seu quarto paquerando suas waifus 2D”, tão pouco um super nerd que só fica envolto de uma pilha de livros.
Breno — Ele é um adolescente normal. Salvo, claro, suas tatuagens e piercings (que não são todas as pessoas que fazem), ele é normal. Já vi muitas obras se gabando do título do adolescente médio “padrão”, mas confesso que o Miyamura cumpre muito bem o aspecto de comum e isso não faz dele ruim, pelo contrário. Não sei se concorda, Sirlene.
Sirlene — Concordo, o fato dele ser apenas um adolescente comum com seus problemas de adolescente comum, sem forçar um super drama de passado trágico e/ou personalidade ultra fria ou desinteressada do mundo a sua volta, facilita os leitores/telespectadores a se identificarem com o personagem e conseguirem se imaginar nos argumentos levantados na narrativa.
Um dos maiores problemas de romances escolares é que muitos protagonistas acabam apelando para o absurdo e/ou para o fetichismo da autora ou do autor, o que os torna caracteres muito distantes da realidade do leitor. Esta familiaridade e proximidade é essencial se você quer que as pessoas se importem ou pelo menos tenham empatia por um personagem.
Breno — Concordo. É a famosa “humanização” do personagem. Mas assim, a Hori-san também não fica para trás. A princípio, eu estava achando estranha a atitude dela fazendo tudo para o conselho, mas depois do “passado obscuro” dela ter sido revelado, tu começa a pensar por outro lado, tipo: “huuuum, tá vendo, Hori? Carma!”
Sirlene — Haha! Hori pagando pelo bullying com o Sengoku, aliás, isto é algo que gosto da personagem em si. Ela não é 100% aquela moça boazinha, tímida e comportada, pelo contrário, este traços mais levados e “obscuros” da personalidade da Hori a tornam uma “heroína” mais palpável e fácil de simpatizar, já que ela não é a famosa “Barbie”, donzela perfeita e super altruísta.
Breno — Está longe do “intocável” que a maioria dos romances pregam. E eu não restrinjo isso só aos animes. Séries, filmes e etc sempre têm esse estereótipo da garota perfeita que ninguém pode chegar perto. A Hori, em primeira instância, parece que vai ser mais do mesmo, mas quebra esse paradigma de uma forma muito boa e rápida. Eu gosto da Hori pois dá pra ver que ela é um ser humano, ela erra, como qualquer pessoa, ela é uma boa aluna, mas falha em outros aspectos, como qualquer pessoa.
Sirlene — Algo que ajuda bastante na naturalidade da narrativa é que, diferente de outras histórias nas quais os protagonistas demoram a se gostar ou são um pimentão perto um do outro, é que o relacionamento ds Hori com o Miyamura é natural. Por exemplo, a garota não demora para pedir para que ele retornasse a casa dela, já que o irmãozinho gostou dele. Aliás, ela não trata o Miyamura como um ser à parte na escola, isso cria um laço real, um relacionamento real. Eles conversam, estudam juntos e vão para à casa um do outro (apesar de que por enquanto ele que mora na casa dela) como qualquer amigo ou colega faria na realidade.
Breno — Sim. E ambos são bem de boa e isso é a melhor parte. É só uma visita a casa um do outro, afinal, não é uma coisa de outro mundo. Mas assim, falando da família Hori, tenho que dizer que a mãe dela chegou com os dois pés na porta como uma forte personagem de suporte. Muito carismática! O que você achou?
Sirlene — A família é algo bem positivo nesta obra, diferentemente de outras histórias nas quais tudo gira em torno do casal e seus amigos e o pai ou mãe dos personagens pouco importam. Aqui, você ter os pais da protagonista feminina como suportes é uma quebra muito agradável, porque naturalmente quando você se relaciona com alguém, seja romanticamente ou na construção de uma amizade, o desenvolvimento mais óbvio é que, em algum momento, você entre em contato com os pais dessa pessoa e, tipo assim, mais de uma vez, afinal, você vai passar a conviver com ela e ela vai passar a fazer parte de coisas do seu cotidiano.
Breno — Completamente normal. Chega a um ponto de amizade que tu já é de casa. A mãe do seu amigo(a) já te considera filho também e isso é muito legal. Já passei por situações parecidas na casa de amigos haha. Fico feliz de Horimiya não deixar isso “escanteado”. Mas e aí, Sirlene, o que mais temos a dizer sobre essa estreia?
Sirlene — O que eu sinto mais falta é de uma direção mais criativa, porque tudo o que foi comentado aqui, sobre caracterização e desenvolvimento de personagem, timing, etc, são tudo méritos da obra em si, de seu material original. Apesar de não ser um “anime Power Point” e possuir uma boa fluidez na transição de quadros, ainda não é, na minha opinião, o melhor que pode ser oferecido para uma adaptação do gênero. Muita coisa dos episódios é um copy/paste do mangá.
Aliás, sobre direção mais criativa e dinâmica, posso citar alguns exemplos como Shigatsu wa Kimi no Uso, Kaguya-sama, e Sakurasou no Pet no Kanojo.
Breno — É uma coisa complicada. Quando falamos de adaptações, espera-se, no mínimo, um pouco de originalidade da parte da direção. Um dos exemplos negativos mais recentes foi na primeira temporada de Gotoubun, onde é claramente um copy/paste do mangá. Tem gente que gosta pois está tudo igual, mas eu prezo por, pelo menos, um pouquinho de originalidade. Afinal, é uma adaptação! 🙂 mas vamos passar essa questão para os leitores do mangá que nos acompanham também, o que tão achando desse aspecto?
Sirlene — Bom, e aí, pessoal, na opinião de vocês, o que acharam de mais positivo na estreia de Horimiya? Supriu as expectativas de vocês? Decepcionados com algo que esperavam ser diferente? Por enquanto, Breno e eu estamos no aguardo dos próximos episódios e tenho boas expectativas para o final desta temporada.
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