Mushoku Tensei #01 a #02 – Impressões Semanais
Nessa temporada decidi ficar com Mushoku Tensei porque foi uma estreia que me agradou bastante, além de trazer uma execução bem diferente para esse amontoado de isekai que vivem aparecendo.
Se a adaptação vai manter esse nível de qualidade até o final, só o tempo dirá, mas o material original parece ter um bom terreno para ser explorado, então vamos tentar aproveitar o máximo que der.
Acho que o grande diferencial de Mushoku Tensei para mim até o momento tem sido o ritmo. É como estar assistindo um Slice of Life com temática Isekai.
Por mais que o protagonista tenha todas as condições para ser mais um personagem OP vivendo o sonho otaku de ir parar em outro mundo, a adaptação segue em um passo que não te faz sentir como se estivesse vendo mais do mesmo.
Enquanto a grande parte das obras do gênero já estaria em batalhas contra dragões gigantes, o protagonista ainda está confirmando a teoria de que antigamente as pessoas tinham mais filhos porque não existia televisão.
Brincadeiras a parte, esses dois episódios de Mushoku se dedicam bem em introduzir a mudança de vida do protagonista da forma mais orgânica possível, sem entregar um bando de hacks para ele, e tentando te deixar o mais em casa que puder com a mudanças de mundo.
Em cima disso, algo que chamou bastante da minha atenção foi terem trabalho alguns aspectos da antiga vida do protagonista.
Mesmo que não seja novidade um hikikomori reencarnar em um mundo novo e cheio de novas possibilidades, Mushoku se deu o tempo de desenvolver parte desse problema do personagem.
Traumas não deveriam desaparecer tão facilmente, e por mais que passeio à cavalo esteja longe de ser uma terapia milagrosa, o anime tentou deixar claro que o Rudy não mudou da água para o vinho.
Seja pelo primeiro episódio, onde ele fica receoso de ter aulas fora do quarto, ou pela necessidade de ter que deixar a casa para fazer o teste, você sente que ele ainda tem os problemas da vida passada, que isso não foi esquecido porque ele pode usar magia agora.
As fobias sociais ainda estão ali, e todos os medos que ele desenvolveu na sua vida anterior não foram deixado de lado o que, por sinal, é outra coisa que até aqui foi bem apresentada.
Não vou supervalorizar o fato dele ser um “lixo humano” na vida anterior porque já tiveram outros personagens que estavam em situação parecida e tudo mais.
O que diferencia a coisa toda é o fato desse cenário clichê ter um peso equivalente ao que realmente é. A situação não é apenas uma linha para dar contexto ao passado do personagem ou muito menos uma piada.
O segundo episódio consegue mostrar isso bem ao colocar o protagonista se masturbando enquanto o velório dos seus pais acontecia.
Não é só o típico “eu era um fracassado” que você escuta. Tem o exemplo ali do quão baixo o protagonista chegou, e de o porquê dele estar considerando tanto a nova oportunidade que recebeu.
De forma mais objetiva, enquanto o normal é você ter apenas um flashback simples de como o novo mundo é a oportunidade dos sonhos de qualquer um com uma vida ruim, onde vez ou outro isso volta para pesar a vida do protagonista, em Mushoku essa nova chance consegue ter um importância mais evidente.
Por fim, mas não menos importante, a forma como esses dois episódios conseguem introduzir o novo mundo é bem interessante.
Talvez para quem estivesse esperando uma obra mais agitada, a estreia não tenha correspondido muito as expectivas, mas eu gostei de como tudo foi sendo adicionado aos poucos e sem pressa.
Você entende o funcionamento da magia, de como é um pouco da cultura do lugar e até mesmo consegue supor certas coisas sem que seja necessário aquelas aulas de introdução sobre o universo da obra.
Os personagens também tem um ótimo carisma, em especial por apresentar situações mais maduras, como o sexo, sem criar muito estardalhaço.
As cenas estão ali, seja visualmente ou apenas de forma sugestiva, e são levadas de forma natural, usando um pouco de comédia e servindo para construir o mundo da obra, já que são coisas que aconteceriam devido a época e costumes locais.
Em resumo, Mushoku Tensei conseguiu provar ter uma boa identidade, mesmo que toda a base ainda seja de um isekai genérico, já que na prática a Light Novel foi a fonte de inspiração para muitas outras.
O ritmo dos episódios é bem mais lento do que normalmente se esperada de isekai, mas eu não senti que foi tedioso ou enrolado, muito pelo contrário, sem esse tempo extra no cotidiano do protagonista, muita coisa que ele venha a fazer depois disso poderiam parecer vazia ou desconexa, já que a gente não entenderia como essa rotina comum é importante para ele.
Vejamos como as coisas vão ficar depois da partida da maga, e como os próximos arcos vão se desenvolver.
Extra
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