The New York Times faz artigo criticando péssimas condições de trabalho dos animadores japoneses

O famoso jornal americano, The New York Times, publicou um artigo intitulado como: “A indústria de anime está crescendo. Então, por que os animadores vivem na pobreza?”

Como o esperado, o artigo aborda a velha questão da qualidade de trabalho dos animadores japoneses, mas dando um pouco mais de destaque a questão da evolução atual a indústria de animes, e como isso não se reflete nesse outro aspecto.

De acordo com o artigo, a indústria dos animes foi um dos poucos setores que sofreram efeitos positivos durante a pandemia, já que as procuras por conteúdos do tipo aumentaram, não só dentro do Japão, como também fora dele.

A matéria contou com a participação do animador, Tetsuya Akutsu, que já esteve envolvido em projetos como Tate no Yuusha e Fate/Babylonia. O animador comentou que é um dos poucos privilegiados que consegue tirar valores na casa de $ 1.400 a $ 3.800 por mês, mas que a realidade é bem diferente para outros animadores.

Akutsu também comentou que, diferente do que muitos imaginam, o aumento da demanda no mercado só fez com que as diferenças salariais aumentassem, junto de uma maior cobrança dos trabalhadores.

Ele aponta também que os trabalhadores de alto nível tem sentido uma maior valorização de seus trabalhos, com um aumento de quase 10 mil dólares ao ano em relação a 2015, mas que ainda não significa que tenham uma estabilidade financeira para assumir riscos como se casar e ter filhos.

Outro ponto levando no artigo foram as diretrizes de trabalho dentro dos estúdios e das organizações japonesas. De acordo com Simona Stanzani, funcionario envolvido há anos na indústria, existe um grupo quase ilimitado de jovens apaixonados por animes que sonham em fazer fama dentro da indústria.

Graças a isso, os estúdios tem “munição” o bastante para não ter que se preocupar em buscar novas formas de negócio, como dividir os custos de produção para que o ajuste dos salários não seja totalmente sentido pela empresa, mantendo assim um baixo custo nas produções, enquanto os lucros aumentam.

Além disso, o governo japonês também não tem se preocupado em fiscalizar as condições de trabalho.

O ativista  e animador, Jun Sugawara, comenta que mesmo existindo programas como o Cool Japan, que focam em usar os animes para promover o país publicamente, muita coisa é negligenciada, fazendo do programa algo sem sentido e irrelevante.

Por fim, Sugawara comenta que nem todos os estúdios pagam valores tão baixos, como é o caso da Kyoto Animation, onde os seus animadores são funcionários e não apenas freelancer, mas casos do tipo são raros, e que se não houver mudanças nesse modelo atual da indústria, os animes podem entrar em declínio com a fuga de boas mãos de obras para encontrar trabalhos melhores.

Fonte: Kudasai

Relacionado

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.