Impressões semanais: Ansatsu Kyoushitsu #15 e Re:Zero #04

Achei que a batalha com Kayano teria um prolongamento maior, mas não reclamo da forma como foi conduzida. A natureza e motivos da personagem foram bem especificados e justificados, logo, compreensíveis, e ainda contribuíram para o desenvolvimento da trama. A ligação entre o mestre de Itona com Kaede e Koro-sensei também foi inesperada e orquestrada de maneira inteligente. Uma forma de juntar o enredo sem soar previsível.

A resolução da batalha foi ainda mais inesperada, ao menos pra mim, e espero não ter sido ingênuo, mas jamais pensei que houvesse possibilidade de tal relação entre Kaede e Nagisa. Achei que fosse óbvio que a forma para trazer a garota de volta ao normal seria alguns alunos – os de sempre – exporem seus sentimentos de amizade perante ela, e logo, com uma torrente de lembranças intensas, sua mentalidade estudantil sobrepujasse a psicopatia dos tentáculos. Mas não, nunca com UM BEIJO sorrateiro de Shiota. Bem convincente, e ainda rendeu umas boas tiradas cômicas de Bitch-sensei e Karma.

E bem, tudo isso na primeira metade do capítulo. O que vimos depois é um dos – se não O – maior mistério do anime finalmente esboçado: o passado de Koro-sensei. Várias vezes durante a temporada vimos pequenos relances sombreados do seu eu humano, uma boa preparação do terreno para agora, a 10 semanas do fim, finalmente descobrirmos quem fora o polvo amarelo antes de virar um indesejável nº 1 (quem pegar a referência ganha um sorriso de aprovação).

E quem diria que ele era, basicamente, um psicopata à lá Jack, o estripador (the reaper), com seu sorriso benevolente e afetuoso, escondendo uma personalidade maliciosa e uma natureza doentia. Creio que no mangá sua estadia como rato de laboratório seja mais complexa, mas o anime deixou bem claro sua relação com a mulher, assim como as razões por quais ele resolveu tornar-se professor. 

É óbvia a mudança de caráter entre o seu antes e depois, o que me leva a crer que algo terrível aconteceu com a “enfermeira” que cuidava dele, uma suspeita latente devido o tratamento que ela recebia de seu marido, já que apenas um catalisador muito potente para explicar a drástica alteração de comportamento do então estripador.

Não preciso dizer que como polvo, Koro é um cara altruísta, generoso e disposto a tudo por seus estudantes – vide o plano para salvar Kaede -, e seu passado deixa ainda mais interessante o modo como o mesmo lida com Nagisa, já que o garoto apresenta uma  grande predisposição como assassino sorrateiro. Creio que Koro tema que o garoto possa seguir o mesmo caminho que o seu ou acabar como o antigo discípulo, o caveira vermelha que apareceu algum tempo atrás.

Um episódio intenso e interessante como se espera de Ansatsu nessa reta final, e é claro, sem esquecer das mensagens de autoajuda. E a metáfora dessa vez, traça um paralelo entre Kayano e Koro, ambas figuras com passados obscuros e tenebrosos que assombram seu presente, por mais beneficamente modificado que este seja. “Não importa seu passado, mas sim quem você é agora”.

Dá até pra colar no vidro do carro, hein.

Ps: não sei vocês, mas achei as novas músicas muito, MUITO boas.

Eu acho bem complicado comentar episódios como esse. Não que seja ruim, longe disso, me diverti bastante, mas com exceção do já famoso cliffhanger, ele é isento de acontecimentos relevantes e apenas serviu para criar uma dinâmica entre Subaru e o povo da mansão, sem se aprofundar em personalidades ou histórias de vida. No máximo, temos mais um passo dado rumo ao iminente relacionamento – exposto ou estilo japonês tímido – entre o casal protagonista.

Aliás, por falar em cliffhanger, é curioso que um anime que tenha terminado o capítulo com o cara revivido para incitar curiosidade em todos nós, não tenha encerrado o da semana passada com Subaru acordando na mansão. É assim que a primeira parte do mangá se fecha, e seria um belo gancho.

A curiosidade de todos sobre o porquê do olhar abismado de Reinhart ao ver o talismã qual Felt havia roubado de Emilia foi sanada, e ela é, afinal, uma potencial candidata ao trono – a posição hierárquica eu não sei. Com essa informação, acho que já temos uma potencial plot por vir: outros postulantes ao reino, mas muito mais gananciosos  e brutais que a adorável semifada de cabelo prateado, indo atrás desta para eliminar uma rival.

Na verdade, eu espero que ocorra ao menos alguns episódios voltados para o enredo supracitado. Apesar de clichê, dá pra explorar de maneiras muito interessantes a cobiça alheia. Vale mais uma trama clichê bem desenvolvida do que um enredo sem história alguma, e quem lê meus textos sabe a qual anime estou me referindo.

Mas essa é apenas uma das possibilidades que poderá ditar o rumo do anime. Há também o lance do palhaço – eu sei que não é, mas Subaru facilitou a vida ao compará-lo com um -, que me parece muito suspeito. É preconceito pelo seu estilo despojado e excêntrico, sem contar a voz que parece sempre esconder alguma intenção secreta? É, mas bem, se tem uma coisa que animes fazem bem – ou mal – é deixar os potenciais vilões com o maior jeitão vilanesco possível. A pequena cena em que ele acaricia a empregada Loli (e aposto que alguns de vocês gostariam de estar em seu lugar) e fala sobre utilizar Subaru como espião é intrigante e uma incógnita. Será ele um homem bondoso e quer um espião para auxiliar Emilia?! Quer ele utilizar o garoto para benefício próprio?! Em breve saberemos.

Quem diria! Achei que o texto fosse ficar curto e pobre em conteúdo, mas consegui escrever cinco parágrafos sem comentar melhor o humor ainda. E o lado cômico esteve presente em toda a duração do episódio. As empregadas frias e basicamente sem emoção alguma funcionam como alívio cômico, ainda que não seja exatamente novidade vermos empregadas Lolis que abusam verbalmente do herói. Achei bem engraçada a forma como as duas interagiam utilizando seus nomes e a aparente impassividade com que discutem fatos diários. É um artifício que certamente será introduzido esporadicamente para deixar o clima mais leve.

Li em fóruns que alguns Otakus estão aparentemente irritados com a personalidade de Subaru, o que pra mim não acontece. Acho o character design dele pouco atraente, o que pra mim é algo importante, então não posso dizer que sinto uma empatia pelo mesmo, mas seu caráter não me afasta. Ele é, sim, o bom e velho garoto altruísta e gente fina, mas possui doses de pessoa comum, como quando comenta que algo está errado por não ser como ele se acostumou a ver na ficção, cobra um elogio ou os pensamentos ~impuros~ com as empregadas. 

A química entre Subaru e Lia é inegável, um fator primordial para uma obra de dois cours funcionar, só espero que saibam escrever bem o crescer da relação de ambos.

Tudo caminha calmamente até o final, quando então, surge mais um grande ponto de interrogação no monitor de nosso cérebro. Por que diabos o tempo deu reboot novamente? Subaru foi vítima de assassinato durante a noite ou o tempo reinicia por outros fatores?!