Impressões Finais: Ranpo Kitan 10/11 e Shokugeki no Souma 23
“É um bom dia para morrer.”
Shokugeki no Souma: Episódio 23
A guerra continua, mais pratos e… falta só mais episódio para acabar?!
Continuando com o padrão dos últimos episódios, o anime vai apresentando uma série de pratos e dando brilho à personagens que antes ficavam na sombra, além de desenvolver alguns já conhecemos bem. Bem, episódio passado tivemos o cliffanger da juíza que não dava mais de 0 para todos os pratos e foi um pouco decepcionante ver ela cedendo já no primeiro candidato, mas ainda assim o esquema do torneio continua funcionando bem.
O primeiro prato de lagosta do Ryou foi interessante, mais pelo fato dele ter se mantido na primeira colocação até o final do episódio. Assim como Takumi, ele também lembra um pouco o Souma pelo fato de já ter trabalhado desde criança. Quero ver mais dele, principalmente da relação dele com a Alice (os dois são uma das duplas mais divertidas da série).
Em seguida, o prato da Nikumi mostrou o desenvolvimento e aprendizado do personagem desde o começo do anime. Ainda que ela tenha ficado no escanteio depois da disputa com o Souma até a parte do Karage, é legal ver ela se aperfeiçoando. Os últimos três pratos foram do trio de colegas da Pollar Star: Ryuko, Marui e Shun. Dos três, o estilo de dois já eram conhecidos (a especialidade em fermentação da Ryouko e comida defumada do Shun) mas acho que Marui foi o que mais me surpreendeu. Para falar a verdade, eu mal lembrava que ele estava no torneio, então ver que ele tem talento foi inesperado. No fim, a questão é que as ultimas provas no anime, como a do acampamento, não deixavam isso ficar evidente.
Nos aspectos técnicos, foi um episódio decente e um pouco acima da média de Souma nesse ponto. Usaram telas separadas constantemente, e a animação estava bem consistente. Agora… como vão terminar o anime no episódio que vem? Ok, eu sei que o mangá não acabou, mas terminar no meio do torneio… wow, essa vai doer.
Ranpo Kitan: Episódios 10 e 11 [FINAL]
Um final nem tão feliz… ou não?
Os últimos dois episódios foram dedicados respectivamente e à contar a história de Namikochi na visão do próprio e resolver de vez o conflito. Nesse sentido, o anime conseguiu funcionar bem estruturalmente: o começo, meio e fim ficaram bem definidos num ritmo bom e coeso, sem que nada parecesse corrido ou fora do lugar. Tudo que o anime precisava fazer era entregar um final satisfatório para a sua história.
E conseguiu? É, pode se dizer que sim. Ranpo ainda teve os problemas que são típicos da série, algumas partes sendo fascinantes enquanto outras apenas soavam estúpidas, mas hoje e sempre terminar qualquer anime de maneira boa, sem trair expectativas é algo à se valorizar.
Falando dos dois episódios mais detalhadamente de cada episódio, vamos começar pelo dez que conta mais sobre como Namikochi e Akechi se envolveram. Como o esperado do Twenty Faces original, Namikochi segue um padrão razoavelmente parecido com seus sucessores: ele é alguém sofreu por conta dos outros e não tinha capacidade imediata de revidar. No caso dele, não foi uma ou duas pessoas, mas a sociedade num todo parecia ir contra ele. Sendo que as duas bases da sociedade de um adolescente normal são a família e a escola, ter problemas de qualquer tipo nelas é algo que traz consequências sérias na formação de qualquer um, e o problema fica ainda maior quando se trata de abusos físicos como no caso do Namikochi. Como o próprio anime demonstra visualmente, é uma verdadeira prisão, e ele procurava um jeito de escapar. E esse escapismo veio com o Akechi.
De maneira similar à Kobayashi que via as pessoas como silhuetas e Akechi como bonecos, Namikochi as via com rosto de caveiras (uma visão ainda mais “pesada” que as dos dois, o que demonstra o quão ele sentia reprimido pela sociedade). A aparição de Akechi, alguém que começou a tratá-lo como um ser humano teve um grande impacto nele, o que o vez enxergar Akechi como uma verdadeira tábua de salvação, algo que acabou trazendo falsas expectativas quanto a si mesmo e o próprio Akechi. Mesmo que ele tenha trazido um pouco de paz para sua vida, Namkochi continuava com mais problemas do que ele próprio achava ser capaz de suportar ou que Akechi pudesse realmente resolver. Como o próprio mencionou, os dois eram apenas estudantes sem poder algum.
Ranpo Kitan não é uma série que se destaca muito em questão de personagens individuais, mas o relacionamento entre eles e como ganham importância na história é bem interessante. De maneira diferente, Akechi também valorizava a presença num grau parecido (a cena em que ele pega os fones do Namikochi e fala bem da música que ele ouvia não deixa isso tão claro, mas o momento que Akechi fala que Namikochi tem um bom sorriso deixa a entender que ~talvez~ houvesse algo a mais na amizade deles, o que é outro paralelo entre Kobayashi e Hashiba). Isso nos leva ao que foi uma das minha cenas favoritas da série: quando Namikochi estendendo a mão quando ouve Akechi tentando entrar na sua casa, ainda depois de ser ferido num caso de bullying na escola. Mesmo o Akechi não podia tirá-lo de sua prisão. Por mais que a amizade dos dois fosse grande, só isso não ia salvá-lo.
Provavelmente foi essa sensação de estar preso que fez Kobayashi simpatizar com as ideias do Twenty Faces. Afinal, desde o começo ele via o mundo e a vida como algo chato que o aprisionava e tentava escapar disso (além disso, dá para ver semelhanças na hora em que Akechi recusa o plano e quando Hashiba fala para Kobayashi continuar os estudos). Ai entra o episódio final.
Como o Twenty Faces não é uma pessoa mas sim um símbolo, Namikochi precisava de algo para deixar sua marca permanentemente na sociedade e alimentar a força das pessoas que simpatizavam com suas ideias, e o meio que ele escolheu foi uma performasse suicida. Afinal, quem condarva com o Twenty Faces eram sempre pessoas que estavam dispostas a gastar a própria vida por sua “justiça”, afinal eles não viam mais uma salvação para si mesmos. Isso não é certo, já haviam deixado isso claro, então tudo o que restava era tentar salvar tanto o Namikochi quanto o Kobayashi.
O desfecho foi previsível, mas certos detalhes fizeram eu gostar do final. Mesmo que Akechi tenha conseguido parar o Twenty Faces, ele não chegou a tempo de salvar todos os seus voluntários que se pulavam do prédio a cada minuto, e nem mesmo o próprio Namikochi. Apesar disso, o reencontro deles foi bem tocante deixaram esperanças de que ele talvez estivesse vivo. Acho difícil isso realmente ser verdade, mas mesmo errando muito Namikochi foi só uma vítima da sociedade, não acho que ele merecia a morte completa. No entanto, morto ou vivo, pode-se dizer que Akechi conseguiu “salvá-lo”. Outro ponto interessante é que mesmo com o seu plano tenha funcionado em partes, o Twenty Faces aos poucos foi sendo silenciado, mesmo que não imediatamente. É outra solução lógica, já que a sociedade não mudaria tão fácil.
Hashiba pulando para salvar Kobayashi foi o melhor momento dos dois. Kobayashi percebendo os sentimentos de outra pessoa foi um ponto importante de desenvolvimento do personagem, além de ser tocante. Fora que é reconfortante saber que mesmo Akechi não pode continuar com o seu amigo, esses dois tem outra chance. Houveram algumas outras cenas na primeira metade do episódio que não foram assim tão boas, mas melhor deixar quieto para eu continuar com a boa impressão que eu tive do final.
E é, no final, acho que gostei bastante da série num todo. É lógico que poderia ser melhor, Kishi continua… o Kishi, mas com certeza as várias coisas que eu vim comentando ao longo das semanas fizeram o anime valer a pena. Talvez a ultima impressão seja mesmo a que fique, hein?
Ranpo Kitan: Game of Laplace
Por que ver: Conceitos interessantes, visual experimental que realmente acrescenta ao conteúdo da série, boa OST e abertura/enceramento/insert song, Twenty Faces é uma ideia de vilão fascinante, bom paralelo de relacionamento entre personagens, um final (!)
Por que não ver: Difícil de levar a sério em alguns (vários) momentos, a animação é mediana para baixo, nem sempre a direção acerta, muitas vezes cruzam a linha do fascinante para o estúpido, os personagens são fracos individualmente.
Featuring: Traps, relacionamento gay subentendido, simbolismo, meninas querendo virar cadeiras, garotas virando muros, pedófilos do bem, meta ficção, #stopkishi2015
EXTRAS
Como Kobayashi vê o mundo, episódio 1 e 11. Talvez as coisas estejam mesmo melhorando.
O enceramento do anime é outro case de “porra, estava lá o tempo todo!!!111!!”. Ele conta tudo sobre o sentimentos do Namikochi (Ainda gritando no céu da noite na esperança de que alguém me encontre”) e a sequencia é a ideia do Twenty Faces em si. A abertura é muito mais viajada quanto a letra, apesar de algumas referencias serem obvias.
Artes de convidados de Ranpo Kitan! Na ordem: Ai Yokoyama (animadora da MADHOUSE), Sidu (Mekaku City Actors), Chinatsu Kurohana (Samurai Flamenco, Uta no Prince-sama, Aquarion EVOL e Togainu no Chi), Usamaru Furuya (Litchi Hikari Club, The Music of Marie), Kurayama (autora de BL) e uma ilustração promocional para o lançamento do mangá.
Ah, confirmaram o final de Kekkai Sensen para dia 3 outubro, finalmente! E ainda vai ter mais de quarenta minutos, ya!