Impressões: Fate Stay Night UBW #19, #20 e #21
Em resumo, Archer quer acabar com seu sofrimento, mesmo que teoricamente matar o Shirou não resolva – como a Saber alega -, ele ainda quer tentar no “vai que funciona….”. Ele deveria ser o vilão que você entende o motivo de fazer o que faz. Isso é amplamente reforçado por ele ter deixado a Rin com o Shinji para ser estuprada e morta, mas o roteiro faz questão de ignorar isso com a Rin fingindo que nada aconteceu depois.
Shirou joga com o papel de herói, e funcionaria, o problema é que ele é um herói que não sabe argumentar. “Eu nunca vou me arrepender de nada….”, como alguém racional fala uma besteira dessas? Ele não passou por nada que o Archer passou, ele não perdeu nada por culpa do seu idealismo ainda, como ele pode afirmar isso? É uma luta de um cara dark que quer acabar com seu sofrimento matando um “inocente”, contra um herói shounen de cabeça fechada. Eu realmente não sei para quem torcer, porque os dois parecem errados, mas pelo menos o Archer é mais “cool” e tem falas mais pé no chão. Engraçado que o próprio Archer argumenta contra si mesmo quando fala que matou milhões para salvar bilhões (ele fez mais bem do que mal), mas o Shirou não parece interessado em usar isso contra ele na discussão, apenas fica repetindo que “não vai desistir de seus ideais”. Shirou não é o protagonista que queremos mas o que merecemos aparentemente….
Pelo lado bom a Saber ganhou algum desenvolvimento, mesmo que minusculo, algo que não faz parte de UBW e está sendo acrescentando como extra (se seguissem UBW a risca vocês iam sair daqui sem saber nada sobre ela). Vou explicar o básico porque duvido que UBW vá mais longe do que já foi na explicação sobre ela. Saber é o Rei Arthur!, que no universo desse autor era uma mulher se fingindo de homem. Sua lamentação pessoal é que ela queria refazer sua escolha de ser Rei (tirar a Excalibur da pedra), porque avaliando a si mesmo pouco antes de morrer ela não se considerou um bom rei (o que a levou a fazer o pacto para se tornar uma possível escolha na guerra do Graal para ter a chance de realizar seu desejo). Sua jornada na primeira rota é ela aceitar que fez o que podia, o que leva a um final muito bonito, e um dos poucos motivos pelo qual ainda consigo gostar do Fate 2006, mesmo com tudo que ele faz errado ou de modo meia-boca.
Lamento não terem fundido mais da rota Fate a essa, já que poderíamos ter lutas mais relevantes contra a Rider e o Berserk, e o resto deixava parecido com o desenvolvimento de UBW mesmo (gostaria da Saber lutando ao lado do Shirou no final no entanto, deixaria o final mais coeso, mas vou entrar nesse assunto quando a hora chegar).
Uma obviedade da luta do Shirou x Dark Shirou que me agrada: o Shirou mirrado não pode derrotar um Shirou com mais de 100 anos de experiencia e toneladas de frango com batata doce na veia. E eu nem entrei no mérito dele ser um espirito heroico com atributos ainda, os golpes dele quebram o fucking chão com o impacto, tamanha a força (tudo bem que isso não tem no original, mas faz sentido). Felizmente isso parece ser abordado e o Archer mesmo fala que poderia ganhar a qualquer momento, mas estava exitante. Essa honestidade da luta foi boa.
A OST da luta deles em geral ficou boa, principalmente a insert song com o Shirou lembrando do passado e revigorando seus ideais. Não a moral daquilo em si, mas o sentimento que a cena conseguiu passar. A luta como um todo não me empolgou muito no entanto, já que o Archer deixa bem claro que está pegando leve e o Shirou nunca teve uma chance real (as contantes pausas para conversa e o modo que é concluída com o Archer desistindo não ajudam também). A animação estava boa quando dava as caras, mesmo que mais simplificada que o normal em alguns momentos. Deve ser a luta em que mais pegaram leve nos efeitos em CG até agora.
O conflito deles é o que me incomoda, por não dar muito em lugar algum. No fim Archer só esqueceu seu passado e por isso entrou em negação. O Shirou de tanto gritar (coisas pouco coerentes na maior parte do tempo) fez ele lembrar de si mesmo e perder para nostalgia (ele deu argumentos lógicos do porque aquela ideologia era errada, mas ao lembrar do passado deixa isso pra lá e aceita seu eu ilógico, por isso falei “perdeu para nostalgia”) ou se conformar. Não existe uma real vitoria, Archer só desiste depois de ter um flashback. A revolta dele é compreensível, ainda que o modo dele de tentar resolve-la seja por deveras exagerado e cruel. O Shirou mais novo sabe que seu ideal é infantil e as coisas não vão sair como ele espera, mas ele quer continuar com eles mesmo assim, porque ele gosta deles. Bonitinho, mas pouco funcional comparado ao que um meio termo entre o realismo e a busca por um ideal altruísta poderia ser. A única coisa que importa pro Shirou é que se ele agregar um pouco do ponto de vista do Archer ele vai deixar de ser ele mesmo, o que é bizarro , porque ele está dizendo que amadurecer ou mudar de ideia sobre as coisas que você pensava na juventude faz você deixar de ser quem é.
Bela cena |
Bem, até ai vá lá, não posso exigir que um personagem tome decisões inteligentes afinal. O que eu não engulo é o roteiro nunca gerar consequências para essas escolhas dele. O roteiro de UBW nunca o desafia no presente com escolhas difíceis (exemplo: ou ele salva um bando de pessoas ou a Rin, só pode escolher um), só o que faz é mostrar que o Archer(ele) vai sofrer com aquela escolha, mas como bem sabemos, ver algo e passar por aquilo são coisas diferentes.
Shirou não perde nada com o que se importe em sua escolha idealista, e portanto não precisa desistir dela, porque ele não liga para auto-flagelação. Acho pobre um arco inteiro para reiterar uma ideologia que ele mesmo admite ser infantil, mas é o que ganhamos até aqui (e um download das habilidades do Archer por osmose). Um meio termo, uma tentativa de salvar as pessoas com uma perspectiva realista de que não se pode salvar todo mundo, e as vezes um mal menor tem que ser feito para um bem maior, não vi o Shirou aceitar nada disso, e nem sofrer por nenhuma de suas decisões baseadas em seu ideal. Ainda tem 3 episódios pra isso, mas por enquanto é essa minha conclusão do arco.
Outra coisa estranha é ele nem mesmo dar outras opções ao Archer, como por exemplo: não fazer um contrato para se transformar em um mercenário imortal se isso vai o revoltar depois, tentar outras opções. Apesar de que se ele não fundir sua ideologia com uma visão um pouco mais realista deve acabar morrendo traído do mesmo jeito, ainda que de uma forma diferente ou em outra ocasião.
O resto foi bem explicado pelo Gilgamech, toda a história do Graal é uma farsa (a parte dos desejos inclusive) e o duelo dos heróis é feito para prover sacrifícios. O Shingi – um vilão dos mais toscos que já vi -, se foi sem dizer ou acrescentar nada, e o Kirei também morreu de forma meio anti-climática. Agora é esperar a luta final contra o Gilgamech. É isso, teve umas partes boas, umas partes não tão boas fundidas a buracos do roteiro, e eu continuo aqui, não tão feliz com o resultado 21 episódios depois de um início bem promissor, mas pelo menos ainda tá valendo a pipoca por algumas cenas bacanas.
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★ (+)
Pobre Lancer, quero uma 4ª rota dele sendo o servo da Rin. E essa cena ficou meio fria de novo, esse diretor tem um problema com cenas de gente morrendo que deveriam ser mais emocionantes (ele fica deixando a OST do background muda na maior parte do tempo). Fora isso, esse negócio do Lancer receber uma ordem para se matar e não cumpri-la direito (como o Lancer de Fate/Zero fez) ficou mal explicado. Ele cai, volta, salva a Rin, cai de novo, o Shinji aparece, ele levanta, da uma porrada no Shinji e ai morre. Ficou bem estranho.
Romântico….mais um que se foi sem dizer ou acrescentar nada em Unlimited Anticlimatic Developments. Quando acabar eu faço uma contagem de quanta gente morreu sem fazer praticamente nada nessa história.
Rin vai se tornar o espirito heroico da Madre Teresa, ela tá muito preocupada com o cara que deixou ela pra ser estuprada e morta, ao invés de estar furiosa com ele como qualquer ser humano normal estaria. Nasu não notou que tinha algo errado na reação dela quando refez o roteiro original?
De novo, Rin vai morrer e não invoca a Saber para salvar ela com o selo de comando que ainda tem…….
Shinji só estava em UBW para fazer caras engraçadas ao que parece.
Gostei de como a Saber compara as duas versões do Shirou com as duas possibilidades que ela tinha de virar ou não Rei.
PS: A Excalibur está muito grossa, refaçam isso no BD.
Para quem não entendeu o que quis dizer com animação simplificada é só olhar as imagens dos corpos acima. Na da Saber x Berserk ela se mantinha estável mesmo em shots a longa distancia, mas agora já está começando a seguir o padrão de animes normais, de perder detalhes conforme se ganha mais fluidez e distancia dos personagens. Engraçado que no final de Fate/Zero aconteceu coisa similar, parece que o tempo de produção vai apertando e o detalhismo das cenas tem que ser sacrificado em parte (tem um filtro que eles costumam mandar por cima para disfarçar mas parece que não deu tempo). Não é exatamente um problema já que conseguem manter as cenas chaves mais detalhadas (exemplo abaixo), mas ainda assim é algo interessante de se notar.
Das cenas de luta essa foi a que eu realmente gostei (tudo feito por um animador freelancer).
Ficou legal o simbolismo. É como se a visão pura e idealista do Shirou tivesse iluminado o mundo sombrio do Archer por um momento.
Como o Archer ia matar o Shirou se a Avalon (bainha da Excalibur) que estava dentro dele ia ficar regenerando ele pra sempre? Imagino se cortar a cabeça resolveria……
Vocês sabem como se “compartilha” mana em Fate? Curioso quanto a fidelidade que isso vai ter.
Impressões dos episódios anteriores de Fate UBW