Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário – “Como destruir sua infância em uma hora e meia”
Olha, o “Cavaleiros do Zodíaco” dos anos 90 não é nenhuma maravilha, eu admito. Animação fraquinha e uma proposta interessante mas que logo se tornava repetitiva. De resto eram os velhos clichês shounen elevados a decima potência (é sério!). Então o material base que eles tinham não era muito bom, mas ainda assim tinha seu charme, bastava atualizar e reduzir os clichês que ainda poderia dar um bom filme. Mas……………
Inicialmente achei o filme o máximo. A animação 3D é nível de cinematic de jogos ou mesmo algo próximo aqueles desenhos da disney. Pra quem está acostumado com CG de anime é sensacional.
As armaduras atualizadas? Muito bom! O design cobrindo mais partes do corpo e com a máscara fechando ficou muito bonito. Os olhos refletindo a “cor do cosmo” dos personagem? Muito legal também, dava um tom ameaçador a eles. As lutas? Bem feitas e cheias de efeitos. Santuário futurista? Legal. Em geral a parte gráfico e artística ficou 10. Mas não é só de visual que um filme se sustenta então…..
O que diabos fizeram com o protagonista? Ele tinha seus momentos descontraídos nas partes de Slice of Life mas isso foi multiplicado por 10x nesse filme. Ele fica gesticulando igual um ator ruim sempre que fala porque……não existe porque, é uma escolha da direção para tornar o filme mais….idiota? Esse é um anime do mesmo diretor de “Tiger & Bunny” e “Shingeki no Bahamut”, então a pegada cômica ser acentuada eu esperava. Mas ele querer transformar o que era uma obra séria e violenta (hoje em dia acho que seria considerado trash também) em um desenho bobinho e infantil eu não entendo.
A parte das 12 casas, que ocupa pouco mais da metade do filme, é bem sem graça em geral. Mal as lutas começam e elas já terminaram. Não que eu não aprove reduzir o tempo das lutas, o original era ridículo nesse ponto, mas resolver cada luta em poucos segundos já é demais também. Não existe tempo para se criar tensão e consequentemente não existe impacto ao final do conflito.
Os cavaleiros de ouro são claramente superiores e acabam mais deixando os cavaleiros de bronze passar por motivo X do que outra coisa. Do ponto de vista realista isso é até bom, já que ver os cavaleiros de bronze apanhando por 5 episódios na série original até despertarem o 54º sentido e ganharem do cavaleiro de ouro – que já tem esse sentido a anos e sabe como usa-lo melhor – não tinha lógica na versão original.
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| Ai meu deuuuuuuusussssssss!!!!! |
As poucas lutas que se concretizam não vão fazer muito sentido pra grande parte do público. Eles pulam o começo, o meio e jogam você direito no climax (Camus de Aquário contra Yoga por exemplo). É impossível se criar tensão em lutas de 30 segundos, e é praticamente só isso que tem aqui. Quase todo o desafio de passar pelos 12 cavaleiros de ouro da “saga das 12 casas” se perdeu no filme.
Tudo bem que eles só tem 1 hora e meia e coisas tem que ser adaptadas, só que descaracterizar completamente um personagem com o propósito de gerar comédia não é uma delas. “Máscara da Morte” virar um pirata e fazer um show de música em sua “casa salão de festas”? Meu deus! eu quase chorei de tristeza nessa parte. Ikki aparecendo no momento crucial cheio das frases de impacto pra 5 segundos depois estar desacordado no chão? Shun apanhando e dizendo “eu sou fraco….”(eu ri dessa parte), e terminando o filme por isso mesmo? (eles não fizeram nada depois disso, Ikki e Shun estavam no filme só pra apanhar). Em grande parte esse filme parece mais uma paródia a série original do que uma tentativa real de readaptar para um novo público.
O final, como todas as lutas do filme não é muito empolgante. A trilha sonora não é bem utilizada nos momentos chave e tudo acontece tão rápido que não é permitido ao público sentir nada. A ameaça final aparece e poucos segundos depois é eliminada em um golpe.
Em geral o filme é tão lotado de furos que nem vale a pena eu ficar me preocupando em cita-los. É fraco, e fora a parte gráfica muito bem feita quase nada se salva. Pra quem viu o original é um destruir de memórias da infância. Se fosse uma paródia eu entenderia, mas ele claramente se leva a sério, então o pessoal mais novo que assistir vai pensar que o antigo era assim também. É triste. Cavaleiros do Zodiaco me divertiu muito na infância e mesmo ele sendo fraco como obra ver ele sendo destruído em um filme dirigido por um maluco adorador de comédia não foi divertido. A ideia de pegar a base do original e atualizar foi muito boa, mas o exagero na comédia, falta de bom senso do roteiro, mudanças de personalidade de alguns personagens e lutas muito apressadas mataram o que poderia ser algo bem legal nas mãos de um diretor mais competente e sério.
Animação: 10/10
Direção: 4/10
Roteiro: 4/10
Soundtrack: 6/10
Entretenimento: 7/10
Nota final: 5/10
Quem quiser ver como era a série original o filme A Batalha de Abel (Clique aqui) serve pra dar uma ideia. Todos os clichês clássicos e jargões da série estão ai, eles só enrolam menos nas lutas comparado a série episódica. Sempre achei curioso que a trilha sonora da versão BR desse filme (o link que coloquei é dela) seja tão melhor que a versão original em JP (muito sem graça, boa parte das cenas nem BGM tem).
Pra quem tiver coragem de me acompanhar assistindo essa “coisa” algumas risadas devem ser garantidas:
E quem quiser uma paródia de qualidade pra assistir vejam essa redublagem de Cavaleiros do Zodíaco por um grupo do Youtube. Isso sim é uma boa paródia:
Quem gostar é quiser ver mais episódios clique aqui.
