Impressões semanais: Yuuki Yuuna wa yuusha de aru 9
-“Thank you, best of my friend” (encerramento dos OVAs GI de Hunter x Hunter)
-Tem certas coisas que são tão óbvias que você acaba deixando passar por ter não ter prestado atenção. Eu não notei que o fato de a Itsuki ter ficado sem voz tinha algum significado até ele ser jogado na minha cara. Lembro-me de ter dito em algum lugar que um roteiro ficava mais elucidado quando tomado em retrospecto; se não disse, finjam que eu disse. Eles pegaram a temática do episódio 4 e aproveitaram algo que eu achava que não tinha uma função facilmente discernível, que ia ficar por isso mesmo. Mas não ficou.
-Dramático? Talvez, mas não deixa de trazer um pouco de reflexão também. No caso delas, o fardo de serem heroínas não consiste apenas na perda das funções biológicas, mas também no abandono de seus sonhos e na inutilização de suas motivações – pois se não há escolha a não ser continuar lutando e ferrando com o próprio corpo, de que adianta ser otimista? Temos aqui a versão extrema do velho drama do homem-aranha: viver como humano ou como heroi? Namorar a Gwen Stacy ou mantê-la afastada para protegê-la? Apesar de tudo, o homem-aranha tinha milhares de fãs que o idolatravam, que o faziam sentir que no fundo todo o sacrifício valia a pena. O que essas meninas tem? Nada. As bilhões de pessoas que elas protegem não fazem a mínima ideia de que há uma ameaça da qual são protegidas, visto que todas as batalhas ocorrem nos bastidores, onde os órgãos sensoriais não alcançam.
-Diante de tal perspectiva de futuro, é natural que alguns ânimos fiquem exaltados e percam o controle das ações, e mais normal ainda que sejam comparados a seus antecessores espirituais. Semelhante e diferente ao mesmo tempo, já que a Mami morreu muito cedo e essa aí da direita não é a Mami da “rota principal” de Madoka (entendedores entenderão). É quase uma homenagem: as duas são senpai e amarelas, apesar da Mami ser do tipo ojou-sama. Um cross-over seria bem vindo, mas o Shinbo não parece ser o tipo de diretor pra atender expectativas; talvez um jogo de Mugen ou um daqueles de Nintendo DS que misturam tudo.
Cena do último episódio |
-Heróis são símbolos de esperança e força de vontade, mas não é só isso. Eles também são mártires que lutam e morrem por um ideal, carregando o peso do mundo nos ombros – figuras como o amado e odiado Emiya Shirou, por exemplo. Yuna compreendeu isso logo de cara e aceitou integralmente seu papel – isso que eu chamo de ter fibra. Não que eu fosse reclamar se o roteiro seguisse esse caminho – destruir o sistema – mas como elas iriam fazer isso exatamente, e que consequências traria? Sem a proteção delas, Shinju-sama – em teoria, se isso não for também uma mentira deslavada – teria seu núcleo destruído e o mundo encontraria seu fim nas mãos dos Vórtex. Não havia também nenhuma garantia de que elas conseguissem reagir. Tasha já mostrou como pode usar outras heroínas a bel-prazer (Karin) para reprimir revoltas internas. Quem sabe eles não tenham reservas preparadas para esse tipo de situação? É o caso em que a organização decide se livrar de determinados agentes que “sabem demais” (incidentalmente, o Yuuji de Grisaia – que está passando nessa temporada – tem um monólogo acerca disso na VN). Se, digamos, elas conseguissem tomar o poder, a Fu seria responsável por controlar a nova ordem mundial, o que daria bastante trabalho, e só de pensar já fico com preguiça. No fim, é como se Yuna tivesse pegado o conceito de heroi da justiça da Sayaka e utilizado como premissa central, mas dessa vez não como uma desculpa para disfarçar problemas amorosos, mas como uma situação literal em que a única alternativa é se adaptar.
Nota: 82/100