-Olhando para o horizonte…
Episódio 4
-Ah, os jovens! Tão ingênuos, tão prematuros, tão emocionalmente dependentes! Logo que são acometidos por um entrave, caem em profundas e desesperadas lamentações, como se sua incumbência fosse carregar o mundo inteiro nas costas. São iludidos desde cedo a acreditar que são “especiais” e que o mundo irá estender um tapete vermelho pelo qual irão desfilar majestosamente e acenarem para a plateia enquanto são ovacionados pela mesma. Mas chega de poesia e vamos falar de desenhos chineses.
-Retomando o argumento do meu primeiro parágrafo, não é só por capricho que estabeleci uma relação entre a situação da Itsuki e a superestima da geração Y. No fundo, a mensagem que quero deixar é que não adianta querer que tudo se resolva de uma só vez. Na vida, as mudanças são gradativas e só se consolidam após um longe processo de repetição e alternância de várias etapas que visam alcançar um objetivo final. A ficção acelera a progressão realista no intuito de entreter o público-alvo. Mas pode-se dizer que essa regra é absoluta e se aplica em todos os casos? Eu digo que não, principalmente considerando os hábitos de exploração trabalhista que atormentam os animadores japoneses.
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Se eles são do bem, por que precisam usar máscaras? – pergunta J Jonah Jameson |
-Por essas razões, eu não irei condenar o quarto episódio por se focar em uma personagem específica e tentar criar algum desenvolvimento em torno dela, mesmo que não haja uma razão claramente delineada para tal. Devemos sempre nos lembrar que yuyuyu é uma mistura de slice of life com dinâmicas de personagem que remetem ao 4-koma moe clássicos, além de mahou shoujo (que não é exatamente um nicho popular no ocidente) e ação, que é a razão do anime estar recebendo um pouco mais de atenção do que normalmente iria.
Episódio 5
-A maior surpresa foi a súbita mudança de pacing do quarto para o quinto episódio, que nas palavras de um fã twitteiro pode ser traduzida por “nós não vamos esperar até o episódio para fazer isso” (eu achei que o anime era de 1 cour, e talvez ele tenha se enganado, mas não estou com saco pra pesquisar isso agora, então tanto faz). Quem já jogou Valkyrie Profile 2 aqui? Porque é essa a sensação que eu tive quando derrotei Odin e Lezard provou ser o verdadeiro inimigo, um misto de incredulidade e indignação (“mas já???”). Pessoalmente, nunca vi isso em Mahou Shoujo. Quatro mankais e sete vertex – é como se eles tivessem usado o trunfo principal em um episódio no meio do anime por motivos até então desconhecidos. Até então.
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As roupas delas me lembram a Taomon |
-Usando a lógica, percebe-se que as mankais não são o trunfo principal na verdade, mas um fator comercial para vender mais figures ou estimular fóruns de rpg inspirados no universo de yuyuyu a ter uma variedade de atributo a mais. Assim como Akame, há uma tendência a criar death flags o tempo inteiro. Parte do fandom achou que o episódio quatro era uma death flag por si só, um prenúncio da morte da irmã mais velha, ou da mais nova, ou quem sabe das duas.
-Não é preciso dizer que essas expectativas foram erraram totalmente o alvo. Elas venceram a batalha, ninguém morreu e assim salvaram o mundo da iminente ameaça, deixando uma legião de insatisfeitos com esse desfecho e outra de curiosos – como esse que aqui vos escreve – que acreditam que o grande plot twist ainda está por vir. O que pode parecer anti-climático agora talvez não o seja em retrospecto. Para ser honesto, eu esperava por mais batalhas estratégicas (ou simplesmente mais batalhas), mas a produção deve ter concluído que uma hora o público iria se cansar disso, coisa que claramente não aconteceu em Star driver.
Episódio 6
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Sim, Saga. Todos sabemos que você foi o responsável por isso… |
-Se não se consegue prever o que vai acontecer de errado em yuyuyu, esse episódio dá ao menos uma dica, enquanto prossegue o escalonamento lento e paulatino da narrativa, sem sustos ou choques repentinos. Nesse ponto ele lembra Jinrui, também escrito pelo Romeo, cuja significação consistia em ponderar sobre o significado de todos aqueles eventos. Sim, matar personagens é legal, mas ao mesmo tempo também pode soar muito barato. Por meio das debilidades sensoriais, como perda de visão ou audição, busca-se introduzir (lentamente como sempre) um princípio de insegurança no espectador. O slice of life continua firme e forte, e os únicos sinais de uma possível alavancagem para uma história sombria são: 1) o fato de nem mesmo os altos escalões conhecerem a etiologia dos sintomas; 2) a repetição constante da sentença “vai melhor logo” como forma de tentarem dissipar a própria insegurança com o poder do verbo.
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Eu em Janeiro
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-Reparem na transição do céu nublado na primeira imagem – que pode estar atuando como prognóstico de uma tempestade num futuro próximo – para o pôr-do-sol (aliás, é sempre pôr-do-sol nesse anime, não sei porque), Ao mesmo tempo que as nuvens impedem as garotas de enxergar o perigo iminente, o alaranjado do pôr-do-sol também as cega para as possíveis eventualidades que possam ocorrer. Elas estão de volta à sua vida rotineira; seus trejeitos e suas idiossincrasias transparecem, ao mesmo tempo que algumas estão saudosas da batalha recém-concluída e acabam por perder o brio de outrora, para logo em seguida se resignarem aos dias normais no clube dos heróis (sim, estou falando de você, Karin). Elas não sabem o que as espera e nós também não sabemos. Considerando o percurso até aqui, pode ser que não aconteça absolutamente nada, mas eu duvido disso. Poderia até ser a tão temida invasão “bolivariana” ou a implantação da ditadura socialista comandada pelas FARC com sede no Foro de SP.
Nota: 75/100