Sora wo Miageru Shoujo no Hitomi ni Utsuru Sekai – O underground da Kyoto Animation.

A ligação entre o mundo da magia e dos humanos.
Se existe algo que gosto é de assistir animes, mas não vejo com frequência aqueles Death Note ou Shinkegi no Kyojin da vida, meu enfoque é nos underground. O fato é que adoro descobrir algo que poucos conhecem, ainda mais quando tem qualidade. Não que o desse post seja uma obra prima (longe disso), só que encontrar algo novo sempre é bom e decidi apresentar esse pelo fato de que se olharmos os padrões atuais das produções da Kyoto Animation muitos ficariam surpresos pelo gênero adotado na história, ainda que haja elementos já conhecidos do estúdio. E bem, esperem mais post focados nesses animes desconhecidos.
Depois dessa introdução que nem mesmo é a introdução de fato, chega a hora de falar de Sora wo Miageru Shoujo no Hitomi ni Utsuru Sekai, também conhecido como Munto. O anime originalmente é um ova de um episódio produzido pela Kyoto Animation (K-on!, Clannad, Tamako Market) no ano de 2003, tendo uma sequência em outro ova de 2005 também com um episódio e mesmo estúdio. No ano de 2009, a série consegue um anime para a TV de nove episódios onde reconta a história dos ovas e adiciona mais detalhes a trama. Exatamente no mesmo ano também se é lançado um filme, esse baseado no último anime com direito a cenas cortadas. Nesse post irei retratar do anime de nove episódios. 

História

Yumemi Hidaka é uma garota normal a não ser pelo fato de desde pequena ser a única capaz de ver estranhos objetos no céu intitulados pela mesma como “ilhas flutuantes” que nem mesmo ela sabe o que realmente são ao certo. Um dia, ela começa a sentir uma estranha ligação com essas ilhas até que repentinamente é abordada por um estranho ser chamado Munto que na verdade é o rei de um reino mágico de um mundo paralelo ao dela e revela para a garota que a mesma está destinada a salva seu mundo da destruição. 

O mundo onde Munto vive está em uma escassez do que eles denominam sua energia para sobrevivência e fonte de seus poderes chamada de Akuto. Por causa dessa falta de energia, os governantes superiores daquele mundo começam a atacar o Reino Mágico, esse tendo Munto como rei, os acusando de desperdiçarem todo o Akuto e consequentemente em gerar a crise.

Sobre os personagens, não há nenhum real destaque em todo o anime. Munto é um rei e atua dessa maneira durante todo a história, ou seja, espere um personagem forte, um pouco confuso (ele tinha um reino inteiro, ou melhor, um mundo inteiro para salvar) e que nos momentos certos se torna decidido. Enfim, um protagonista com os mínimos requisitos para não ser odiado.

Yumemi é a personagem que acompanhamos durante toda a trama. Ela não difere em nada das tipicas garotas inocentes que a KyoAni já tem experiência em trabalhar. De uma voz fofa e corpo frágil se mostra confusa no inicio e não entende a razão de ser escolhida pois achava que nada nela era especial, seu passado triste mostra as dificuldades pelas quais ela passa por conseguir ver algo que ninguém mais podia a fazendo até mesmo usar um guarda chuva durante toda a sua vida para evitar olhar para o céu. É notavelmente a que mais cresce durante todo o anime, sendo esse crescimento de crucial importância no final.

As explicações para o mundo mágico podem responder a maioria das questões levantadas por quem assiste, mas por ter apenas nove episódios, ficou tão condensada que se perdeu o brilho e polimento que poderia ter sido feito, não só para deixa-lo mais interessante como bem explorado. O maior problema é justamente o que eu mais procurei entender quando assistia: a razão da Yumemi ser especial, pois não há um motivo em especifico, ela era e ponto final o que com certeza pode deixar a muitos frustrados. 

Narrativa

A história se foca em duas narrativas, a do mundo de Yumemi mostrando o cotidiano da garota e na relação com suas amigas (o momento slice of life do anime) e no de Munto (mais focado na fantasia). Esse paralelo inicialmente se da de forma eficaz, mas logo é prejudicado pelo fato dos momentos de Yumemi com suas amigas não terem de fato muita relevância para a história no inicio e por realmente vermos que situações mais interessantes acontecem do outro lado, ou seja, é uma quebra de narrativa bem grande.

Prepare-se para ver muitas cenas de ação. Você chega a ficar extasiado com a grandiosidade das batalhas mesmo não entendendo de fato nada do que significa aquilo tudo no inicio (o roteirista decidiu explicar somente depois, o que não foi à decisão mais sabia, prejudicando muito o entendimento da historia). A série chega a ter um episódio com ação do inicio ao fim. Sim, são vinte e três minutos de batalhas caóticas e épicas, você chega a ficar tão envolvido que mal percebe quando acaba.

Parte Técnica

Batalhas! Se há algo que o Kigami Yoshiji, diretor e roteirista (todas as produções da série foram feitas por ele sendo também o único anime no qual ele conseguiu o cargo de diretor em anos trabalhando para a KyoAni, tendo recentemente participado de episódios isolados de Hyouka e Tamako Market) conseguiu destacar são as cenas onde os poderosos guerreiros do mundo mágico lutam ferozmente contra o reino de Munto. É notável o investimento em especifico nesses momentos, todos bem fluidos, com direito a enormes poderes, vários ângulos e giros de câmera.

Algo que podem notar até mesmo nas imagem postadas aqui é a predominância do azul durante todo o anime onde Yumemi é cercada por essa cor em muitos momentos sendo uma alegoria ao mundo onde Munto vive (de acordo com os habitantes, eles moram no céu) e criando simbolicamente uma conexão entre eles. 

Como o original é de 2003, foi utilizado o CD anterior ao atual do estúdio, encontrado em animes como Air e Clannad que apesar de simples é agradável e não deixa de ter a marca moe que tanto se vê nas produções da Kyoto Animation. Destaco o traço dos guerreiros do mundo mágico, tendo eles uma grande variação de rosto e portes físicos. 
A trilha sonora é feita pela empresa MONACA, que conta com vários compositores onde têm no currículo bons trabalhos como o feito em Tasogare Otome X Amnesia. Em Munto, as composições estão modestas e até bem simples conseguindo apenas cumprir o mínimo seu trabalho.

Concluindo

Como comentei no inicio desse post, não esperem uma obra prima. Mesmo com uma história bastante curta e condensada a série ainda apresenta belas cenas de ação e um mundo interessante a ser conhecido, ainda que pouco explorado. Se já imaginaram como seria um anime mais voltado para a fantasia e menos para clubes escolares vindos do estúdio Kyoto Animation, Munto pode ser uma boa pedida.