-Não é o que vocês estão pensando, o Haruto se preocupa muito com sua saúde e está apenas receoso de pegar herpes.
-Vamos começar, né? Esse episódio teve um bom início. Nos foi revelado que Haruto e L-elf haviam trocado de corpos, e isso não precisou em momento algum ser destacado, pois a execução já nos deu a dica do que estava a ocorrer. Isso inclusive serviu para justificar o cliffhanger do episódio passado, que na prática era uma preparação para os eventos ao início deste. Essa situação atual de traição involuntária poderia render boas dinâmicas futuramente. Não posso deixar de citar aqui Chrono Cross, um jogo da antiga Squaresoft no qual metade da história se passa após um plot twist em que o protagonista e o vilão invertem os papéis, e o seu objetivo é anular esse encantamento. O problema desse episódio consistiu em certas escolhas duvidosas das quais irei falar na sequência.
-Após alguns eventos obrigatórios e necessários para a narrativa sobre os quais não irei discorrer, Haruto reafirma sua determinação de matar todo e qualquer dorssiano que entrar em seu campo de visão, e essa desvinculação dos valores morais sustentada pelo seu desejo de vingança deveria ser teoricamente a problemática do personagem. Nos estágios iniciais de desenvolvimento, Kira Yamato, de Gundam Seed, estava impregnado com essa sede de sangue originária do assassinato covarde e desnecessário de vários inocentes por parte das forças inimigas, e ao decorrer da narrativa ele acabou por chegar à conclusão de que o ciclo de ódio nunca iria terminar se não se desvinculasse de todo aquele ódio. Seria ótimo se trilhassem essa mesma rota em Valvrave, mas a Sunrise viu uma necessidade não existente de se autoafirmar com a pretensão falsa de originalidade (todo mundo já percebeu que eles já copiaram elementos de vários de seus animes anteriores, então pra que o fingimento?).
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Então, eu fiquei sabendo desse seu fetiche por cordas e… |
-De certa forma, eu gostei dessa personagem. Ela consegue disfarçar bem suas intenções para Haruto (mas não para a platéia) na cena em que adentra o cockpit do Valvrave sem ser convidada sob o pretexto engenhoso de auxiliar Haruto na recuperação de seu corpo. Lembram dela isolada em um canto próxima ao lugar em que Haruto pretendia confessar seu amor por Shoko? Pois é, aposto que ela estava esperando pela oportunidade perfeita para atacar, sendo Shoko apenas um empecilho do qual queria se ver livre. Novamente voltando às comparações com Gundam Seed, ela é tão assertiva e metódica quanto a Flay, mas nesse caso seus sentimentos parecem ser verdadeiros. Acredito que a Saki (vi o nome dela agora) é exatamente o tipo de garota que um bocó como o Haruto precisa.
-A batalha dessa vez não foi tão ruim quanto a anterior, e isso não se deve a inovações significativas na coreografia ou animação, mas sim à menor poluição visual normativa em uma batalha espacial. Foi bem mais fácil acompanhar os movimentos do Valvrave dessa vez, apesar das faixas vermelhas continuarem me irritando levemente. Me decepcionou que os mechas inimigos não apresentassem forma humanóide, o que significa que não teremos o clássico duelo de sabres de luz à la Gundam. Mudando de assunto, alguém poderia me explicar qual a lógica da explicação do L-elf? Um motor em superaquecimento normalmente pára de funcionar e não irá aumentar significativamente a potência da sua máquina ao chegar no limite. Isso foi muita apelação por parte do Valvrave e poderia ser resolvido de outra forma, e o exemplo mais típico é o aumento de percepção dos nossos sentidos diante de uma situação crítica. O Haruto poderia ter se focado em uma única abertura que atrasaria o inimigo e possibilitaria sua fuga.
-Vamos falar de chocolate, vamos falar de Shoko (piadinha escrota). Vou fazer uma breve análise da sobrevivência considerando duas vertentes: a vertente lógica e a vertente narrativa. No que concerne a lógica, ninguém está morto a não ser que haja confirmação pericial. O cadáver da Shoko não foi encontrado (tampouco procurado), logo ela poderia estar viva ou morta. Todos já aprendemos pela lógica de anime que personagens só estão sujeitos a 100% de chance de morte quando literalmente viram purpurina, com exceção de Cell e Majinboo, pois estes podem se reconstituir por mitose acelerada a partir da purpurina. Eu não me incomodei quando o Kuwabara foi quase morto pelo Toguro, quando o Yusuke reviveu como um Youkai ou em todas as vezes que alguém foi revivido pelas esferas do dragão, logo também não vou me incomodar pela Shouko estar viva do ponto de vista lógico. Agora, do ponto de vista narrativo, as coisas mudam de figura. Parem pra pensar: qual é a função narrativa da Shouko? Nenhuma! Ela não sabe pilotar um mecha, sua personalidade e arquétipo (nice girl) são extremamente típicos e a morte dela teve significado. Reverter tudo não faz sentido e é sinal de covardia por parte dos roteiristas, o que se traduz como não ter culhões o bastante para confiar em um linha de progressão e partir para outra além de prejudicar a naturalidade do enredo. É forçado, muito forçado.
-Eles arruinaram o arquétipo do Haruto com essa trapalhada e ele foi de vingador para emocore (há personagens que conseguem ser os dois, como Uchiha Sasuke, por exemplo), e tudo porque um inimigo que tentou mata-lo e com o qual ele não deveria se importar o chamou de monstro. Ouma Shuu está de volta! “Ele me chamou de idiota, buuuuuuh”. Resumindo, personagens convenientes que acabam se transformando em ferramentas agindo conforme as vontades do autor. E pra piorar a situação, ele ainda tem um harém em potencial, mesmo sendo daquele jeito, se incluirmos a garota de óculos (que tem demonstrado um interesse peculiar nele) na equação. No post anterior, o Adramalesh tinha comentado que hoje em dia a moda não é mais protagonistas sem autoestima, e fez uma analogia com o Kirito de SAO. Uma breve comparação entre os dois me permite destacar um fator comum: ambos são adorados pelas garotas. Essa é a verdadeira nova moda agora, protagonistas que não precisam tomar a dianteira para ter uma legião de ninfas em torno deles, pois as mesmas já vem embaladas e prontas para uso.
-Que bom que o L-elf ainda está vivo! Eu até havia pensado em uma outra possibilidade: Haruto morre no corpo do L-elf, L-elf acorda e não tem escolha a não ser conviver com pessoas que há pouco tinha como inimigos. Nesse ínterim, ele acaba repensando seu modo de vida e refletindo sobre a guerra ao passo que vai gradativamente se abrindo para seus novos companheiros. Seria um Gargantia melhorado, minha gente!
Deixando meus anseios de lado, vamos ver se no próximo eles serão capazes de não afundar o anime mais ainda. Por enquanto Valvrave está seguindo a regra de primeira metade boa –> segunda metade ruim.