Grimoire of Zero #03 – Bestiais e Escravas – Impressões Semanais
Grimoire of Zero está sendo uma aventura, por enquanto bem leve e com uma narrativa mais lenta (como esbocei no review anterior). O que é bom para desenvolver mais a relação do trio principal e por outro lado ruim por não apresentar nada, mais nada mesmo, nesses episódios iniciais que realmente seja memorável ou impactante, o que pode acabar fazendo algumas pessoas desistirem da obra.
A animação continua apenas razoável, não tem nada de impressionante. Inclusive eu acho que a staff poderia ter caprichado mais na coreografia do duelo, era o clímax do episódio, mas não empolgou. Storyboard muito simples e sem sofisticação ou inspiração alguma, claramente poderia ser melhor e infelizmente prevejo que isso talvez não vá mudar tanto no decorrer da obra.
A história e a construção do mundo não estão sendo ruins, pelo contrário, é algo bem feitinho. Principalmente porque o autor explana de forma clara as características do universo e apresenta bem os pontos de vista para determinados eventos, ações e comportamentos.
No entanto, não é nada realmente inovador, principalmente a dinâmica do trio principal, que tem uma escrita bem clichê: um mercenário gente boa, mas tsundere, uma bruxa inteligente, mas meio sem noção, e um pirralho imaturo (e irritante para caramba). Olha, clichê não é demérito, mas tem coisa que eu dispensaria, como a necessidade de uma “criança”, literalmente, no grupo.
Admito, ver esses aspectos como algo negativo, é questão do meu gosto pessoal, eu prefiro personagens mais maduros neste gênero. Considero que ao escrever uma aventura medieval, seu enredo não é uma coisa para ser totalmente light, a própria ambientação desse período é mais violenta, rústica, séria. Acrescenta-se a isso que o tipo de comportamento do loirinho não condiz com a realidade da época, praticamente com 15 anos na idade média, você já era um adulto.
A personagem mais interessante e que foge de certos padrões com toda a certeza, é a Zero. Mesmo que ela seja um tanto meio sem noção e de vez em quanto tenha alguns comportamentos que também podemos categorizar como infantis e inocentes, isso não soa forçado por ela ter vivido uma vida totalmente reclusa daquela sociedade.
Apesar disso constantemente a bruxa demonstra ser bem madura e confiante, claramente talvez se torne a voz da razão do grupo, mesmo o mercenário sendo o mais experiente dos três. Vamos admitir que ela funciona como um alívio cômico melhor que o Albus. Aquela resposta que a garota deu para o guarda foi criativa, era a mais óbvia e fácil para resolver o problema, mas alguns autores talvez não optariam por ela.
Só fiquei descrente do mercenário não ter cogitado aquilo antes. Para um guerreiro experiente, falta-lhe mais culhões e por diversas vezes a sua postura não condiz com a dita profissão. Porque vamos ser sinceros, alguém acredita na existência de um mercenário tão puro e valoroso? Só em obras de fantasia mesmo.
Também achei isso uma forma interessante de expor os temas que seriam tratados neste episódio: os bestiais e a escravidão. O que acho bastante legal na obra, mesmo não sendo uma coisa tão fora do comum, já que se você ambienta uma determinada história em um período como este, obviamente em algum momento vai tratar sobre religião, preconceito, escravidão, etc.
O interessante é que nesse caso, é apresentado um panorama mais amplo da situação, mesmo sendo de forma simples. O caso dos bestiais serem tratados de forma desconfiada e agressiva pelos humanos, não é apenas um preconceito gerado pela sua aparência física, mas porque eles realmente representam um perigo real.
O mercenário expor esse problema inerente da sua própria natureza (que podemos tratar por amaldiçoada neste aspecto) é interessante porque acaba acrescentando mais conteúdo a seu desconforto em ser um bestial, que não se resume mais apenas ao fato dele ser um pária na sociedade e o objeto de caça de outro alguém. O problema provavelmente também não é algo que ele gosta de admitir abertamente e pelo tom usado ele já sentiu vontade ou caçou humanos.
Estes pequenos contrapesos colocados em meio a trama, são necessários para dar mais veracidade às ações de determinado grupos, e mais vida e realismo aos fatos narrados, porque como as coisas funcionam e como determinada pessoa age, não costuma ter respostas simples, são mais complexas do que aparentam.
Então, tanto o lado dos bestiais e dos bruxos não ser apresentado como santos, por serem aquela porção perseguida, excluída, desprezada da sociedade, somou alguns pontinhos comigo. Se existem bestiais bons como o protagonista, obviamente existirão alguns que não valem sequer o pelo do seu corpo, como o adversário da dupla que realmente tinha escravas sexuais ou alguém acha que ele usava aquelas garotas para jogar baralho?
Além disso, aprovo que a direção tenha mostrado os maus tratos e o uso feito das garotas pelo bestial-lobo, de forma sutil sem precisar apelar para a exposição dele abusando delas. Mesmo que não seja uma daquelas pessoas que vê mal em uma mídia mostrar tortura e violência sexual (de acordo com sua proposta, é claro, vamos ser sensatos), às vezes não é necessário optar por este lado para abalar ou transmitir algo ao público.
No geral, Grimoire of Zero se mostra algo satisfatório e que te entretêm na maior parte do tempo. Contudo infelizmente isso é mais graças aos protagonistas, por terem uma interação mais agradável do que a animação e o enredo em si.
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E você, que nota daria ao episódio?
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