Tales of Zestiria #25 e #26 – Impressões Finais

Se na primeira parte de Tales of Zestiria – The X eu elogiei algumas mudanças no roteiro que foram necessárias para condensarem o conteúdo do jogo e poderem adaptar toda a jornada inicial do Sorey até seu primeiro encontro com o Hendalf, já as critico nesta segunda por modificarem e muito o enredo original.

As mudanças e cortes na parte um também foram significativas, mas na parte dois elas criaram uma história totalmente diferente. E prezo muito que a produção tenha fidelidade ao conteúdo original.

E o que mais foi afetado por essas alterações, infelizmente é o que deveria ser o clímax principal de toda a jornada que o Sorey realizou, o seu derradeiro confronto como pastor com o lorde da calamidade que ficou algo muito sem emoção.

Começando pelo fato que ao chegarem onde está o vilão, retiraram a parte que o Hendalf absorve o Zenrus (o vovô) e o Sorey tem que matar ele para libertá-lo, ou seja, aquela parada de a salvação ser muitas vezes a morte, que o Zaveid disse na parte um.

Os cortes que o Sorey e o seu grupo lutam com o lorde foram bem animadas, mas não foram nada tão surpreendente como eu esperava que fosse para um duelo final.  Então a coreografia mesmo que bem feita acaba cumprindo apenas com o básico e esse momento poderia ser muito mais trabalhado.

A batalha entre Hendalf e Sorey só cumpre com o básico e poderia ser muito melhor.

As revelações que deveriam ser mais impactantes se tornaram insossas por serem incompletas ou cortadas completamente do enredo, como a Maltran ser praticamente uma aliada do Hendalf.

Então foi interessante eles mostraram o passado do antagonista com o Michael no penúltimo episódio para expor que o causador direto de todos os problemas encontrados na era do Sorey pela existência desse lorde, é do pastor anterior.

Contudo, aquele flashback na forma que foi construído não causa choque nenhum. Só serve para expor o blackground do antagonista e para talvez tenta criar alguma pena no público para com a situação imposta ao vilão.

Porém, para mim causa o efeito contrário, eu achei mais que merecido o Michael ter amaldiçoado ele já que o cara praticamente o usou e abandonou a aldeia do pastor à própria sorte. Só que no jogo isso é descoberto antes do grupo do Sorey enfrentar o Hendalf.

E na parte que ele amaldiçoa o lorde, posteriormente o grupo descobre que o bebê utilizado na cerimônia exposta nessa cena do anime é o Mikleo que se torna um serafim.

Seria uma pena se esta criança fosse o Mikleo XD

No anime essa informação é passada de forma indireta pela tiara na mão do Michael que é a mesma que o Mikleo usa encoberta pelos seus cabelos, mas quem não jogou Zestiria nunca pegaria essa dica com facilidade, só se procurasse saber mais do jogo.

O que eu considero um erro tremendo, já que um roteirista só coloca esse tipo de pista no roteiro se for confirmar algo referente a isso posteriormente dentro da história ou apenas referenciar algo contido em outra mídia.

Alguém pode perguntar: mas com isso não referenciaram uma informação do jogo? Sim, mas como é algo inerente da história que está sendo contada e não algo anterior ou posterior a ela, no meu ponto de vista deveria ser confirmada de forma direta.

Outra coisa retirada do momento final que achei extremamente prejudicava foi a fusão do Hendalf com o Maotelos, o que torna a luta bem mais acirrada, e posteriormente a morte do Hendalf já que o Sorey realmente o mata para livrá-lo da maldição.

Algo que é mais coerente do que aquele sacrifício forçado do Sorey com o lorde da calamidade de praticamente mergulhar para o “centro da Terra” como um ato final para “purificar” o vilão e reaparecer do nada depois de trocentos anos para se fundir com seu melhor amigo.

O que levanta várias perguntas sem respostas como: o que aconteceu com o Sorey e o Hendalf naquele lago para aquela ação purificar o Maotelos? Como ele voltou no final depois de trocentos anos aparentemente morto?

No jogo o Sorey também acaba desaparecendo por um tempo e reaparece no epilogo para ajudar o Mikleo, mas depois de passar mil anos purificando o Maotelos e obviamente depois de se tornar um serafim, o que explicaria o fato dele retornar tanto tempo quando deveria estar morto.

Isso porque mesmo não expondo diretamente essa informação, o jogo te dá base para fazê-la ao citar que alguns pastores também se tornaram serafins e com o fato do Mikleo ter se tornado um, mesmo ainda criança.

A impressão que isso me deixou é que foi feito um roteiro muito meia boca e escrito as pressas para algo que demorou um mês para ser terminado. Um produto com um visual bonito, mas com história fraca e com diversos furos se bem analisada.

Impressões Finais

Eu admito que sou uma fã da franquia Tales e por isso estava bem animada para o anime do Zestiria, que não é a melhor história da franquia, mas com algumas modificações no roteiro poderia se tornar algo satisfatório e pelo menos divertido.

E qual a minha tristeza ao constatar que a história que já era originalmente clichê por ser uma jornada do herói padrão, foi praticamente infantilizada por tornarem-na mais leve do que deveria ser.

A história pode ser algo realmente mais light, calma, etc. Contudo, em um anime de aventura, tem que haver momentos de tensão ou risco maior em determinadas partes do roteiro ou o público vai acabar se cansando e achando aquilo maçante.

Além disso, o herói tem que ter seus ideais confrontados, sofrer perdas consideráveis e ter mudanças em seu ponto de vista se necessário para que realmente haja um desenvolvimento e amadurecimento do personagem.

Em tales, isso foi retirado pelas mudanças muito bruscas no roteiro. A relevância da Rose foi significativamente diminuída , porque no jogo ela era um dos contrapesos do Sorey e no anime só se tornou apenas mais um suporte.

Isso porque a garota tinha pensamentos realmente fortes e às vezes dissonantes dos dele, como foi um pouco exposto no anime. Todavia no jogo isso era mais demonstrado tanto em diálogo entre os dois personagens como em ações.

Por exemplo, ela criticava a hesitação do Sorey em matar de forma aberta em algumas situações na qual ao fazer isto ele pouparia mais vidas.

As alterações e cortes feitas em várias partes do segundo ato do anime prejudicaram e muito no amadurecimento do herói através da retirada de perdas e sacrifícios significativos, assim como de diversos momentos tensos no qual os ideias do pastor eram colocados em cheque.

E infelizmente com isto minaram  o que traria mais emoção ao anime, já que essa parte seria um pouco mais movimentada e emocionante se a equipe de produção seguisse com um pouco mais de fidelidade a linha do jogo.

Animação – 9.0

Roteiro – 6.0

Direção – 7.0

Trilha Sonora – 8.0

Entretenimento – 6.0

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Sirlene Moraes

Apenas uma amante da cultura japonesa e apreciadora de uma boa xícara de café e livros.