As Crônicas de Arian – Capítulo 11 – Os 8 campeões
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Capítulo 11 – Os 8 campeões
Arian desviou a espada da mulher, usando seus braceletes para redirecionar o golpe. Mas só viu o escudo avançando em sua direção no último segundo.
Desviou devagar demais, a extremidade do escudo cortou sua bochecha, e continuava acuado na beira da plataforma.
O que pensou que seria uma luta fácil, estava virando algo complicado.
— Que grande guardião, não consegue nem dar conta de um camponês e uma guardinha! – Marko estava sentado sozinho em sua plataforma, observando e rindo.
Arian, se sentindo acuado, instintivamente, se preparou para tirar sua espada.
— Nem pense nisso! — gritou Marko.
A aposta, Marko concordou em entregar a elfa se ganhasse, mas só se ele passasse pelas preliminares sem usar armas. Especialista em luta corpo a corpo, queria que Arian parasse de depender tanto de suas armas. Foi ele que o ensinou a lutar fisicamente, inclusive. Infelizmente, o aluno não tinha muito talento.
Os três adversários se encararam de novo, esperando alguém tomar a iniciativa. A plateia gritava empolgada.
Arian olhou rapidamente para <E>. Seu fantasma perseguidor estava sentado na beira da outra ponta da plataforma, com um sorriso no rosto. Parecia estar adorando a coisa toda.
A mulher de armadura avançou de novo contra ele, e o camponês também. Se esquivou do soco do homem, e usou o bracelete para bloquear a espada da guarda. Outro soco, escudo, espada, soco, só estava conseguindo bloquear e desviar.
A plateia parecia estar gostando, até que algo inesperado aconteceu.
A mulher acertou com o escudo na cabeça do camponês ao seu lado, distraído demais para notar a mudança repentina de alvo. Seria o bastante para derrubar um homem normal, mas ele só ficou meio bambo.
Era sua chance. Arian pulou e acertou um chute com as duas pernas no meio do peito do homem, o jogando para fora da plataforma. Usou tanta força que ele foi parar em cima do Marko, que estava na beira da plataforma ao lado.
— Filho da mãe! — Marko agarrou o homem que caiu em cima dele e o jogou no chão.
A torcida gritou.
Arian caiu no chão depois do golpe. A militar não perdeu a chance e veio em sua direção com a espada. Não parecia nem um pouco preocupada se iria matá-lo, ou não.
Ele usou seus braceletes para bloquear a lâmina da arma.
— Mas do que demônios é feito esse negócio?
Parecia estar usando uma espada especial. Se fosse um bracelete normal já teria quebrado, daí a surpresa dela.
Arian aproveitou a distração da mulher para se levantar.
Ela avançou novamente. Os golpes continuavam oscilando entre a espada e o escudo, que também era usado na ofensiva. Já tinha visto aquilo. Na verdade, já usara escudos dessa forma antes, mas nunca pensou que veria militares se especializando nisso. Era uma técnica rara de ser tentada, devido à dificuldade de coordenação.
Desvia, bloqueia, desvia, desvia, bloqueia, desvia, desvia, agora! Arian se aproveitou do cansaço dela depois da sequência de golpes. A mulher abriu a defesa, e ele tentou um soco na parte desprotegida do elmo, que deixava o rosto a mostra.
— Seu desgraçado! — O escudo dela veio na direção do rosto de Arian a toda velocidade.
Desviou por alguns centímetros. Ela não estava cansada depois de toda aquela sequência? Ao que parece, ela abriu a guarda de propósito para ele tentar o ataque. Tinha muita experiência, mas porque estava tão nervosa?
— Posso perguntar o que eu fiz? — disse Arian, perplexo com a atitude agressiva da mulher.
— Por que não está usando suas espadas? Pareço tão fraca assim? — Ela tirou o elmo, e o cabelo longo e avermelhado, preso de alguma forma dentro do elmo para evitar que alguém agarrasse no combate, caiu para trás.
A mulher estava com muita raiva. A boca contorcida, os olhos negros levemente avermelhados na parte branca, com as veias saltando. Finalmente a reconheceu.
— Desculpe, Alna. Não tem nada a ver com você. Meu amigo me meteu nesse sufoco por uma aposta. — Tentou falar da forma mais calma possível.
Olhando para o rosto da mulher, se sentiu mal pelo que estava fazendo. Ele estava com dificuldades em lutar daquela forma, e ela se sentindo humilhada. Pensou se valia a pena o que estava fazendo.
Olhou para Marko. Estava fazendo um sinal de “não” com a mão. <E>, atrás da mulher, deu um sorriso leve e balançou a cabeça. Como se entendesse o que ele buscava.
Arian então fechou os olhos lentamente, respirou fundo e refletiu.
Pensou no por que estava ali. Abriu seus olhos, viu a meio-elfa sendo exibida como prêmio junto aos nobres na arquibancada, com um olhar preocupado.
Tomou sua decisão.
“Por que a dúvida? Se precisa pisar no orgulho de uma boa mulher para salvar a vida de outra, que seja”.
O clima mudou, e sua expressão saiu de alguém em dúvida para pura frieza. Ele avançou de forma agressiva pela primeira vez na luta. A mulher não hesitou e veio com a espada mirando seu pescoço. Ele desviou do golpe, ao mesmo tempo que mirou um soco na junta do braço dela, onde a armadura não cobria.
E veio o estalo de leve, o osso fora fraturado.
Alna deu um grito ensurdecedor que misturava dor e fúria, enquanto soltava a espada, e vinha com o escudo contra o rosto do guardião, com toda força que lhe restava.
Acabou! Ele desviou do escudo e acertou um chute na lateral do joelho da guerreira, fraturando mais um osso. A mulher caiu ajoelhada. Devia estar com muita dor, mas em seus olhos só existia raiva.
Ela soltou o escudo e pegou uma faca em sua cintura. Mas antes que pudesse fazer algo com ela, levou um soco no rosto, que jogou seu corpo inteiro ao chão com um tremendo barulho. O adversário desmaiou, a luta terminara.
A plateia gritou.
— E temos nossos oito campeões! — anunciou o apresentador.
Arian, no entanto, não se sentia um campeão.
Nas outras plataformas, restavam Marko, um senhor de idade com uma espada média muito bonita, um homem de capuz marrom usando uma espada, uma mulher de cabelo preto com uma espada de duas mãos e armadura de couro… Era aquela da fila? Agora que podia ver seu rosto, os olhos amarelo-claros eram muito chamativos.
Havia ainda um homem de cabelo preto e olhos azuis com uma espada e escudo, uma mulher musculosa, usando uma lança, e um loiro com uma armadura prateada reluzente, parecia um nobre.
Com ele, eram os oito que iriam para os duelos um contra um. Todos estavam olhando fixamente para Arian, já que era o último a finalizar o combate.
De repente, um calafrio percorreu sua espinha. Ao observar novamente os ganhadores, notou que a mulher de cabelo preto e olhos dourados parecia estar tentando matá-lo com os olhos. O motivo disso, só iria entender um pouco depois.
Próximo: Capítulo 12 – A Mulher de olhos dourados
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