Kizumonogatari Parte II – Bem Vindo ao Inferno

Após um período de aceitação sobre a falta de monólogos e as mudanças do primeiro filme, assistir Nekketsu-hen acabou soando um pouco mais natural… Bem, o filme ainda cai na velha questão de adaptação, mas não incomoda tanto quanto o primeiro. Talvez pelo conformismo, ou quem sabe, por nesse caso, conseguirem passar as ideias da novel de forma mais adequada, o que por consequência, me agradou.

De toda forma, o 2º filme funciona bem como um intermediário, tanto em termos de história, quando nas expectativas para o fechamento da trilogia. Assistir o inferno que foi a vida do Araragi durante as férias de primavera, foi bem interessante, e  por mais que não tenha concordado com certas coisas, me deixou bem satisfeito quando avaliado no geral.

As informações da história foram dispostas de tal forma, que é possível criar uma linha que prende o passado, assim como o futuro, ligando o que vai se tornar Reikketsu-hen, e tudo aquilo que foi bake/nekomonogatari. Se conseguiriam trabalhar bem todo o drama da Kiss-Shot, o terceiro filme tem tudo para ser o melhor dentre os três.

Vamos aos negócios.

Dentre as coisas que mais me agrada, não somente em Monogatari, mas na grande parte dos trabalhos do Nisio, é a forma como ele consegue desenvolver coisas simples, de forma fácil e bem executada, transformando tudo em uma belo mistério.

Sim, Kizumonogatari é um mistério, assim como grande parte dos outros arcos, e a forma como ele conduz isso, chega a ser genial para mim.

Entrar em detalhes poderia criar alguns spoiler sobre o 3º filme para quem não leu a novel. Sendo assim, vamos apenas dizer que foi um belo fanservice. Ver as nuances e provocações que o Oshino faz durante os diálogos com o Araragi, e ir notando aos poucos as dicas sobre o que está acontecendo ali foi muito divertido.

Diria até que foi essa a razão para ter gostando mais do segundo filme, em comparação com o primeiro. É como se ele tentasse forçar os espectadores a pensar no que está acontecendo ali.

Quem era a poderosa Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-UnderBlade? Por que ela deixou o Araragi vivo? Ela pode ou não trazer ele de volta ao normal? Por que uma vampira com mais de 500 anos foi derrotada por três exorcistas, sendo que ela deveria ser quase invencível? Ou melhor, por que eram necessários três exorcistas para uma única vampira? Isso tudo, de certa forma, não soa um pouco desbalanceado?

A mão do spoiler chega a tremer.

Ok, vamos parar com as nuances e falar do filme em si. Como eu disse mais acima, o que mais me agradou em Nekketsu foi o fato dele ser um meio termo em vários sentidos. Graças ao fato de haver mais personagens em tela, a sensação de falta de monólogos diminui bastante. Você também tem as lutas, que por mais que tenham sido exageradas, e nem o kit completo de “shinbolismo” justificaria, ainda assim são boas, já que lutas nunca foram o forte da série, além do mais, temos um belo bônus chamado Hanekawa.

Essa piada vai ser horrível, mas… Ela é como um gato. Exatamente igual. Vem como quem não quer nada, apenas passando e “alisando sua perna”, e quando você menos percebe, ela já se tornou o centro da sua atenção, e você já está querendo segurá-la e ver de mais perto. Porém, você não pode, porque ela é a Hanekawa, e você só vai saber o que ela é, quando ela decidir assim (Nekomonogatari -Kuro/Shiro).

Nyaa Aha Ha Ha!!

É inegável que a Hanekawa seja cativante, e tenha algo que faça você amá-la e sentir interesse pela personagens. Ela conseguiu ser o foco em uma história que deveria ser sobre o Araragi. Esse filme basicamente se constrói em cima da relação dela com ele, mas deixando a Hanekawa em destaque de uma forma que você não consegue evitar se cativar. O problema é… Ela é assustadora.

Como o Araragi mesmo diz: “eu amo a Hanekawa, mas sou apaixonado pela Senjogahara”, porque, ao menos para mim, é bem isso.

Dentre os personagens, eu acho que ela é a mais bem desenvolvida e expressiva, e o filme prova isso. As cenas dela andando pela rua até tarde da noite, querendo encontrar algo “fantasioso”, o seu autossacrifício(ou satisfação), que são os pilares para o seu encontro com o gato, tudo é jogado ali entre as lutas e diálogos, fazendo um terreno incrível para os acontecimentos de Bakemonogatari…

Uma história de amor melhor que Crepúsculo.

Eu não vou filosofar muito sobre isso, mas Hanekawa é um personagens espetacular. Ela é tão humana que chega a dar medo. A Hanekawa é egocêntrica, mentirosa, egoísta, luxuriosa, invejosa, mas ela não demonstrar, e o pior, ainda se acha no direito de apontar isso nos outros (não adianta fingir, todo mundo é assim). Ela é como um espelho, por mais que seja bom ficar se admirando, a parti do 5º minutos, mesmo que inconsciente, você começa a perceber seus defeitos.

Tanto que é isso que acontece com o Araragi. Ele se encanta como o altruísmo da Hanekawa, mas a medida em que as coisas vão se desenrolando, ele perceber que aquilo é insano, que é assustador uma pessoa fazer tanto por outro sem um retorno. Ele até mesmo chega a dizer que não consegue se imaginar colocando a vida em risco por outra pessoa, sendo que fez o mesmo pela Kiss-shot.

Ele crítica ela por ser igual a ele: uma maluco egoísta e autodestrutivo, que preza pela sua auto satisfação.

Aquele toque de Nietzchismo.

Se já Falamos da Tsubasa-san, então agora vamos falar das lutas. Monogatari nunca foi bom nisso, sejamos sinceros. Normalmente as coisas acabam rápido e sem grandes duelos. Em Kizumongatari elas tem um ar um pouco mais estratégico, porém, para mim, funciona mais como um método de reforçar a transformação do Araragi, do que uma tentativa de criar boas lutas para série.

A animação ficou muito boa, e para quem não leu a novel, deve ter sido um espetáculo, o problema é que não concordo com algumas adaptações (mesmo caso de Tekketsu), em especial, a luta contra o Dramaturgy. Pode ter ficado legal com toda ação, movimentação, e exageros, mas ela foi maior do que deveria, o que acabou fazendo a última luta ficar rushada, sendo que essa, deveria ser a mais bem trabalhada.

As lutas conseguem passar a ideia, mas ainda falta algo para expressar as mudanças mentais do Araragi.

Prolongar a luta, com toda aquela destruição da escola, acabou tirando parte da sensação que tinha ao ler a novel. O Araragi deveria entrar em pânico depois de perder o braço, e isso, claro, acontece. O problema é que acaba sendo encoberto por toda a ação. Minha visão era de algo mais psicológico, do que físico. Ele deveria estar percebendo que deixou de ser humano (daí minha ideia de que as lutas são mais para trabalhar o Araragi, do que mera ação), e não apenas percebendo que tinha poderes de vampiro.

Naquela luta, o Araragi tem a mentalidade de um humano, ele luta como um humano, tanto que tentou dar uma chave de braço em um vampiro com o dobro da sua altura. Mas isso , ao menos para mim, foi um pouco perdido. Ele fugir por toda a escola é legal, e tenta reforçar isso, mas no fundo, fiquei sentido falta de algo que causasse o impacto, como foi no encontro com a Kiss-Shot.

Talvez ter mostrado mais da preparação dele, como os pensamentos humanos e tudo mais, tivesse funcionado melhor para mim.

Da mesma forma, quando chega na última luta, tudo acontece rápido demais, sendo que deveria ter demorado. Se tivesse acabado o filme na hora em que o Oshino entra na sala para dar a noticia, teria sido perfeito. O terceiro filme mostraria o momento que o Araragi abandona a sua humanidade, e depois o que essa atitude significa (vulgo, o que é ser um vampiro).

Colocar uma conversa, um aperto no pescoço e uma risada de vilão, não era o que esperava para algo tão marcante. Nem mesmo a tesão e desespero pela Hanekawa ter sido pega,  não foi possível sentir direito . Construiram uma cena tão bonita em cima do Araragi explicando os motivos de não querer amigos.

Abusaram tanto da relação entre os dois para forçar esse drama em cima da cena, mas quando ela realmente chegou, tudo aconteceu ao mesmo tempo. Não chega a ser ruim, mas não é nem de perto uma luta, ou uma metáfora para o Araragi entregando sua humanidade em nome da Hanekawa.

Ok, a cena da árvore ficou legal, e reproduzia a ideia da novel, mas aquilo lá ficou rápido até para os padrões de Monogatari. No final, a única luta que me agradou, em ternos de adaptação, foi contra o Episode por conta daquela bendita cena.

“Do sangue quente”

Com a quantidade de tripas e sangue que saiu, daria para fazer duas Hanekawa, mas foi incrível. O desespero do Araragi para tentar colocar tudo de volta, enquanto a Hanekawa está mais preocupada em explicar como derrotar o Episode, aquilo lá não tem como descrever.

A negociação com o Oshino, o Araragi revirando o cérebro, e depois jogando mais sangue em cima dela, tudo ali é insano. Mas é exatamente como na novel. O Episode jogando a cruz de um lado para o outro, enquanto desaparece em forma de névoa, até a Hanekawa aparecer e toda a desgraça acontecer.

Nessa luta dá para sentir o início das mudanças do Araragi, do momento em que ele começa a ter que deixar os pensamentos de humano e começar a lidar com as coisas de forma série. Como um verdadeiro vampiro, o que infelizmente, não acontece nas outras lutas. As ideias estão ali, e foram usadas, mas particularmente, elas não entrega o peso que a novel pedia, ao menos, não para mim.

Não precisava ter levando a ideia ao pé da letra.

Resumindo, o segundo filme consegue se sair um pouco melhor, mas mantém a linha do primeiro, forçando algumas adaptações e até mesmo pecando em outras. Porém, consegue desenvolver  grande parte dos aspectos necessários, como as informações que são base para o terceiro filme, assim como o desenvolvimento do Araragi, deixando uma sensação de dever cumprindo.

Sendo assim, rezemos para que o final seja adaptado corretamente, e que consiga transmitir todo o drama da nossa querida Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-UnderBlade (Fazer pronunciar “Kizu-Shoto”, senão está errado).

[yasr_overall_rating size=”medium”]

 

E você, que nota daria ao filme?

[yasr_visitor_votes size=”medium”]

Extra

Sangue…

Um pouco mais de sangue…

Um fanservice com sangue…

… E fofura para contrastar.

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.