Kino no Tabi #06 – Impressões Semanais

Seguindo as viagens de Kino, essa semana temos uma história que foca na apresentação de um personagem, mostrando o seu trágico passado, e os abusos que sofreu ao se envolver com um grupo de pessoas daquele mundo.

A Kino acaba quase não aparecendo, se tornando apenas a responsável por entregar algumas informações e reflexões importante sobre a construção das histórias, aparecendo no final, mas sem deixar aquela sensação clara de que estava ali apenas para fazer um diálogo expositivo.

Esse episódio acaba sendo um pouco mais amplo e, ao mesmo tempo vago, a respeito da ideia presente ali. O contexto da garota escrava, e seu apego pelas doutrinas, pode ser interpretado de diferentes formas, dependendo do seu nível de religiosidades.

Aquela “ignorância” e “falta de conhecimento” sobre a maldade do mundo, acabaram tendo um efeito negativo na vida dela, tanto que a garota estava disposta a se matar, por acreditar estar fazendo algo de errado.

Claro que existia também uma parcela de “culpa” na sua própria personalidade (que era uma pessoa sincera e honesta), mas a forma como o episódio conduz os diálogos iniciais, sugere esse tipo de questionamento.

O mundo é certamente um lugar ruim, onde pessoas enganam umas as outras, mentem e tudo mais que já deve ter sido falado em algum lugar, e estamos cansando de ouvir, então, aquela visão mais fechada sobre as pessoas, acaba se tornando um pouco problemática.

Não que sair por aí matando pessoas seja a melhor solução para tudo, mas ela estava em uma condição extrema, onde nem mesmo era vista como ser humano, sendo assim, aquela visão cega do mundo, acaba se tornando mais um empecilho, do que uma solução.

Por outro lado, o final feliz que a garota consegue, após passar por tudo aquilo, pode ser visto como uma forma de recompensa para toda a bondade que ela demonstrou, mesmo em situações injustas, deixando levemente uma mensagem sobre o dito paraíso que as religiões prometem por todo o seu bom comportamento.

Deixando de lado essa visão mais introspectivas (que não se limitam apenas a religião), temos a construção da história que merece alguns comentários adicionais.

Eu achei bem legal como desenvolveram toda essa questão de bondade, auto-sacrifício e humanidade (tanto de forma positiva, quanto negativa), usando a garota e criando uma personagem bem realista.

Ela tinha as suas visões de mundo baseadas no que a foi ensinada, e se manteve fiel a elas de uma forma cativante (e desesperadora), chegando aqueles extremos de querer se punir pelos seus “pecados”, mesmo não fazendo nada de errado, porém, é justamente nisso que ela acabou me surpreendendo um pouco.

Foi realmente interessante ver a garota se culpando por desejar a morte daquelas pessoas, após defender seus ideais de que nunca odiaria alguém. Essa mudança de pensamento, deixando “escapar” a natureza humana dela, foi algo que me agradou bastante.

Acho que a grande maioria queria muito ver aquelas pessoas pagando pelo que estavam fazendo a garota, e perceber que ela mesma não conseguiu evitar pensar nisso enquanto ouvia todo aquele descaso pela sua vida, dá uma realidade e profundidade para a personagem, que vai além daquela visão cega sobre justiça e bondade.

Em um contexto geral, foi realmente gratificante acompanhar a história da garota, mesmo que ela, talvez, nunca mais volte a aparecer no anime, e tudo o que passou até conseguir um final feliz.

O autor conseguiu elaborar bem a narrativa, de forma que, mesmo sendo poucos minutos com o personagem, você acaba simpatizando e comprando o drama dela sem grandes dificuldades.

As ideias, e o jeito como os eventos são contados, te conduzem bem aos propósitos que a história sugere, sem precisar de uma vídeo-aula sobre o assunto.

Talvez a direção ainda esteja pecando em aproveitar todo o potencial que a história tenha a oferecer, mas ao menos em casos como esse, o resultado consegue ser satisfatório.

[yasr_overall_rating size=”medium”]

 

E você, que nota daria ao episódio?

[yasr_visitor_votes size=”medium”]

Extra

Toda essa questão da garota, e o fato dela ter sido vendida como escrava, deixava uma mensagem interessante sobre a natureza humana. Por mais que ela tenha sido ensinada a crer naqueles ideais, ela ainda era a responsável por escolher continuar seguindo eles.

O país onde ela morava, que deveria ter uma conduta mais “correta” por ser voltado para religião, acabou se mostrando bem cruel, e o mesmo pode ser dito daquelas pessoas que a escravizaram. No final, talvez não seja uma questão de estar ligado aos ideias de bondade, ou maldade, mas sim ser uma pessoa verdadeiramente boa.