Citrus #01 a #03 – Impressões Semanais
E lá vamos nós para mais um romance do tipo controverso, porém que na verdade só deveria ser levado com a mesma naturalidade que um shoujo. Para começar sempre tem prós e contras em uma obra Yuri e mesmo isolando o gênero em si, Citrus já conta com seus próprios prós e contras.
O anime é a adaptação de um dos mangás de Yuri mais populares, e o ponto principal já começa pela gritante diferença de traço de seu mangá e sua animação mediana no anime.
Para quem nunca bateu o olho em Citrus provavelmente o associa rapidamente um Netsuzou Trap da vida, mas diferença entre essas duas obras vai além do score, vai da profundidade de enredo.
Citrus tem questões femininas profundas, mas também tem questões sociais como qualquer outro tipo de obra sobre qualquer tipo de relacionamento. Essa característica em si já torna o gênero Yaoi e Yuri bastante utópico, porém, se na perspectiva certa, pode até parecer que naquela sociedade não existe nenhum tipo de preconceito, apenas as mesmas questões românticas de sempre.
Por um lado, isso é fantástico porque faz imaginar uma sociedade que realmente não se preocupa com a identidade sexual do outro, e isso definiria o gênero um romance como qualquer outro livre de julgamentos, contudo, isso ainda causa uma certa falta de representatividade.
Digo isso porque nesse tipo de enredo raramente é encontrado algo relacionado ao preconceito, falta de aceitação na família e todos os reais problemas que a comunidade LGBT sofre, apenas problemas comuns de obras sobre o ensino médio.
Dito isso, minha visão sobre esse tipo de gênero acaba sendo meramente assistir um romance normal e criticar a história, sem a definição de ser melhor ou pior pelo casal principal ser duas garotas.
Além disso, acredito que existam diversos porquês sobre quem vê o gênero. Sinceramente, sabemos porque há popularidade. Muitas vezes a própria existência dele muitas vezes não tem nada a ver com uma simples história de romance, mas apenas porque é dito mais interessante ver um beijo lésbico.
Verdade dita, voltemos para a obra em si sem mais delongas sobre as questões de yuri ser politicamente correto ou não.
A estreia escancara uma abertura que eu não pularia, mas que não tem algo exatamente especial. E como disse, todo o quesito de traço e animação perdem feio para o material original sem discussão. No entanto, não é deplorável.
O enredo em si mostra alguns pontos parecidos com qualquer tipo de romance, tendo a personagem fechada e misteriosa versus a personagem animada e sem noção. Essa fórmula atende a diversos shoujos e não surpreende.
Porém quando se aborda profundamente cada uma aparece o primeiro acerto de Citrus; existem personalidades importantes em cada personagem. Elas não são apenas polos opostos, como também tem suas próprias questões internas.
Yuzu é desinibida, cria uma máscara de satisfação mesmo nunca tendo beijado, porém acaba sendo ofensiva e se jogando em tudo sem medir consequências. Ela segue um padrão de personagem moderna e popular, mas se vê em um colégio em que na verdade ela não é nada disso.
Seu oposto sim tem algum símbolo de admiração, mas uma personalidade horrível e fechada. Mei é o tipo de personagem misteriosa que causa certas dúvidas principalmente pela sua instabilidade, sabemos que ela está lá para ser o centro de provocação, mas ela em si é o próprio enredo.
Suas expressões são dotadas de um peso na história e estamos indo justamente atrás dela. Seja lá qual for, o que enfrentaremos futuramente virá da Mei e do problema que ela realmente está passando.
É um tipo de drama barato? Sim, já tivemos o clássico “estou apaixonada” no segundo episódio, mas repare que o principal problema da Yuzu não estar apaixonada por uma garota, o problema dela é apenas estar apaixonada.
Agora eu volto para a ideia de que, mesmo sendo uma história homossexual e que seja uma característica da obra provocar o leitor seja com um beijo, ou com a própria sexualização das meninas, ainda assim o problema principal é ela só estar apaixonada.
Colocar o enredo como elas sendo irmãs de consideração eleva todos os níveis de fetiches japoneses sim, mas ao contrário de qualquer obra que lida com irmãs de verdade e garotas com menos de 14 anos, Citrus acaba atendendo um público sem estar errado.
Temos a obra de uma AUTORA lidando com clichês dramáticos sobre um casal, mudar ou não o gênero só define o público que ela que atender, seja lá qual for a consciência desse público.
O drama em si ressalta curiosidade, mesmo que seja destinado a uma enrolação clássica e muros na frente de muros para que o relacionamento delas se desenvolva de forma devagar.
Querendo ou não é essa lentidão que provoca os leitores de shoujos, queremos ver um beijo e ele só aparece 100 capítulos depois, então porque essa característica não pode ser a mesma motivação de ver um yuri? Todo mundo sabe a resposta.
Os quesitos técnicos partem de forma ok, mas a cena do babyliss me chamou muito atenção, além de que adoro o fato da Yuzu sempre estar com um cabelo diferente. Além disso fazer parte dela, define de cara a sua personalidade mutável.
Porém tenho que admitir que a Mei ainda não consegui engolir. Ela começa todo enredo com uma causa muito ofensiva, com poucas palavras e sem porquês para suas ações. Contudo, a partir do terceiro episódio ela finalmente demonstrou algum tipo de reação sobre as lágrimas da “irmã”, o que não sabemos ainda se é bom ou não.
No mais, mesmo com três episódios os ápices deles não passaram da descoberta da Yuzu estar apaixonada e todos os problemas de uma família tradicional forçando uma garota ao casamento. A reviravolta foi rápida e o que instiga o futuro da história é justamente o próximo passo da Mei, porque da Yuzu já tivemos o bastante.
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E você, que nota daria ao episódio?
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