Hanachirasu – A obra de vingança onde o protagonista é o vilão | Review
Desenvolvedora: Nitroplus
Ano de Lançamento: 2005
Duração: 2 a 10 horas
Traduzido: Sim (Inglês)
Sinopse:
A obra segue a história de Takeda Akane, um jovem mercenário que trabalha para a maior corporação da cidade, Corporação Takigawa, lidando com os ataques terroristas da milícia chamada Hokodome-no-Kai, que visam derrubar tal organização.
Seu real e maior objetivo, no entanto, é acertar as contas com seu único e verdadeiro rival, Igarasu Yoshia, que é um mercenário da Hokodome-no-Kai cujo único objetivo é completar vingança contra Akane.
Histórias sobre vingança é algo que é feito desde os tempos antigos em todas as mídias, na maioria das vezes acompanhamos a pessoa disposta a ir o mais longe possível para concluir sua vingança. Em Hanachirasu, no entanto, seguimos o caminho totalmente oposto. O escritor Narahara Ittetsu seguiu o caminho mais incomum e colocou o vilão como o protagonista.
Você não leu errado, o protagonista e o vilão são o mesmo personagem, enquanto o antagonista é quem busca vingança do protagonista. A princípio eu achei esse conceito muito bom e diferenciado, mas logo percebi que, como de costume, há seus ônus também.
Obviamente, seguir a história de um vilão pode ser desagradável. O Akane não é um anti-herói, moralmente questionável, mas não necessariamente mau. Ele é um vilão, e ao longo da obra ele comete atos horríveis sem necessidade. Esse é o personagem que você vai seguir do início ao fim.
Dito isso, se ainda tiver interesse (Ou se foi isso que despertou seu interesse), saiba que apesar de tudo o Akane é um personagem bem carismático, em um nível que eu até posso dizer que ele carregou a obra nas costas. Igarasu, que busca vingança contra o Akane, por outro lado, é desprovido de carisma e muito menos interessante. Os demais personagens variam, mas dado que a história gira em torno da vingança do Igarasu contra o Akane, eles acabam sendo muito menos relevantes para quem está lendo, uma vez que nenhum consegue se destacar em uma trama que não os envolve.
O cenário onde a novel se passa, uma cidade onde armas de fogo são proibidas e a maioria usa armas brancas para lutar é bem contextualizado, apesar de não ser o foco, existe bastante política envolvida na história. A obra se passa em uma linha do tempo paralela, onde armas nucleares não foram desenvolvidas, resultando em um rumo diferente para a segunda guerra mundial. É interessante ver o trabalho que foi colocado na construção do mundo da obra apenas para justificar a forte presença das artes marciais com espadas na cidade onde a história se passa mesmo nos tempos modernos.
Que por sinal, as artes marciais com espadas podem ser um grande ponto positivo ou negativo para quem for ler, dependendo da pessoa. Isso por conta da grande quantidade de detalhes e texto colocados na Visual Novel explicando cada arte, cada movimento ou cada estilo. Pense nisso como pegar grandes resumos sobre diversos elementos dessas artes marciais para ler na internet, você sem dúvida sai com muita informação adquirida sobre o assunto, mas se não for algo que te interessa talvez ache chato ou cansativo. No meu caso, como alguém que gosta muito de vários tipos de artes marciais, foi algo que me agradou bastante.
A escrita é bem pesada, tanto que na época eu demorei meses para terminar a obra por constantemente estar pausando a leitura. Ela é complexa e muito carregada, por isso cada linha lida é como se fossem 3 ou 4 linhas de uma obra normal, os infodumps de política e artes marciais em especial são bem cansativos de ler. Mas se já estiver habituado a leitura, conseguirá levar sem problemas, creio.
Seguindo o parágrafo acima, as cenas de ação são muito bem elaboradas, as CGs auxiliam bastante nesse caso, por serem bem pensadas e desenhadas. As lutas tentam ser as mais realistas possíveis, embora em algumas instâncias acabem sendo um tanto fantasiosas, mas nada que tenha destoado o que a obra apresentou. Apesar disso, como normalmente lutas com espadas são, elas são rápidas e não muito memoráveis, exceto a penúltima e o inevitável confronto final. O fato de ter poucos personagens e só o protagonista, Akane, se destacar, também influência.
A arte é bonita, principalmente se levar em conta que é uma obra lançada há 13 anos atrás, com CGs estilosas e expressivas. A trilha sonora cumpre seu papel na obra, mas nada que vá fazer você querer ficar ouvindo as músicas depois de terminar a história.
A novel é relativamente violenta, com um extra para algumas cenas bem pesadas, um bocado de drama e constantemente sombria. Momentos felizes em Hanachirasu são tão frequentes quanto mortes importantes em shounens, então se não for o tipo de conteúdo que busca, não recomendo.
Apesar de ter um final verdadeiro, que é também o mais impactante e, de certa forma, poético, a VN tem um bom número de finais extras para explorar. Alguns interessantes, outros nem tanto, e alguns “finais zoeiros” por assim dizer, afinal, depois de uma obra dessas nada melhor que algumas piadinhas para descontrair.
Hanachirasu é uma Visual Novel diferenciada, com um protagonista que também é vilão, carismático e enigmático até certo ponto. Recomendada para quem quer algo bem escrito com uma pegada bem sombria e, em partes, melancólica e que goste de artes marciais.
Como muita coisa que a Nitroplus faz, seus aspectos únicos são seu charme, mas a falta de mais personagens interessantes, bem trabalhados e carismáticos, fora a história simples, podem te desapontar. Sua duração pode ser considerada um ponto positivo, já que é mais acessível para quem não tem costume com VNs ou tempo para jogar, embora seu conteúdo possa ser desafiador para essas pessoas também. Em todo caso, se estiver curioso, recomendo jogar e tirar suas próprias conclusões.