Mahou Shoujo Site – Um interessante pacote de desgraças | Review

Com um primeiro episódio bastante questionável para os meus padrões, Mahou Shoujo Site foi aos poucos se tornando uma obra interessante de acompanhar.

Ela tem seus exageros, e alguns problemas em desenvolver a relação das garotas, mas conseguiu me manter entretido até o final, se mostrando uma opção divertida para quando você só quer deixar o lado sádico a solta, e ver um pouco de sangue na tela.

Mas consegue ser divertido de acompanhar.

Depois do advento de Madoka, o número de animes apostando na fórmula de “garotas fofinhas sofrendo com algo”, deu uma boa aumentada.

Não acho que seja esse o ponto que tornou Madoka no que ela é, mas, ao menos quando estamos falando de garotas mágicas, parece que brutalizá-las é a melhor opção para tentar impressionar o público fora do nicho.

Mahou Shoujo Site veio meio que querendo aproveitar dessas condições, e trás um esquema onde meninas são escolhidas para se tornarem garotas mágicas, mas claro, a um preço alto, já que desgraça na vida alheia é sempre bom.

Mas sem bola de pelos do capeta aqui.

Em verdade, Mahou Shoujo Site não é bem um anime Mahou Shoujo. As garotas estão ali, elas tem bastões mágicos e, devido a certas condições, foram levadas a se tornarem “algo”, mas o anime não tem muita cara do gênero.

Diferente de casos como Mahou Shoujo Ikusei Keikaku, onde você sente aquele clima rosa característico do gênero, em Mahou Shoujo Site isso não acontece, e em poucos episódios a sensação que fica é a de que você está assistindo um anime sádico que usa termos emprestados de algum lugar, por assim dizer.

O clima que cerca as garotas é mais depressivo, e a obra dispensa qualquer roupinha fofa, dando lugar a partes do corpo sangrando, para indicar a transformação das garotas.

Essa característica não incomoda, ou muito menos deve ser vista como um problema (só se você estivesse realmente querendo uma releitura do gênero), já que trás uma certa personalidade para o anime.

Depois daquele primeiro episódio, o anime consegue ir em um ritmo bem mais calmo e pé no chão, sem forçar muito situações que tentam soar pesadas, isso, claro, não significa que elas sejam incrivelmente realista.

Passando pelo choque do primeiro episódio, tudo fica melhor.

A adição do passado da Yatsumura, por exemplo, consegue ser ainda melhor trabalhada, apresentando toda a desgraça de ter a família morta bem na sua frente, com uma direção inteligente que força o espectador a imaginar os eventos, ao invés de simplesmente jogar um banho de sangue na tela, enquanto mostra pessoas sendo mortas.

Esse tipo de violência funciona bem melhor em mim do que só colocar as cenas lá, mostrando o qual sofrida a vida da pessoa era.

O passado de algumas outras garotas também seguem o mesmo principio, mostrando o motivo delas terem sido escolhidas pelo site, e tentando criar um pouco de empatia para que o espectador entenda a perda que elas estão passando.

Só não espere algo inovador nesse aspecto…

Por outro lado, justamente em cima dessa questão da brutalidade presente na obra, pode acabar surgindo algumas quebras de expectativa, já que o anime não mantém um ritmo frequente de desgraças para as garotas, como no primeiro episódio.

Após aquela introdução da vida horrível que a Asagiri levava, o enredo passa a criar uma caminho de ascensão para ela. Era como se o objetivo fosse mostrar o fundo do poço, e ela subindo de volta para  a superfície depois de encontrar a Yatsumura e, futuramente, as outras garotas.

É fácil perceber essa mudança de ares na vida dela logo de início, porém, não deixa de ser uma possível decepção para quem esperava que o nível de sofrimento da garota só aumentasse depois daquele primeiro episódio, já que as coisas vão para a linha oposta, e mesmo passando por dificuldades, ela acaba superando a maioria deles sem grandes perdas.

Ela acabou se saindo melhor do que eu esperava.

Falando sobre a protagonista, vale ressaltar que ela não é ruim. Pode não ser o modelo de espontaneidade, e ainda carregar aquele ar inseguro e chorão durante boa parte da obra, mas dentro do que eu esperava, ela acabou se mostrando bem ativa em certos momentos, e não sendo um peso morto, como normalmente acontece em animes do tipo.

A dependência que ela cria pela Yatsumura é compreensível, e mesmo sendo amparada em muitos casos, ela ainda se esforça para proteger a amiga, sem criar aquelas situações bobas onde alguém paga o preço pela insegurança dela.

Em um dos poucos momentos onde isso acontece, o enredo rapidamente corrige essa questão, levando as outras garotas a perceberem o problema que aquilo poderia gerar, para que assim pudessem pensar em como resolver.

Esse tipo de situação ajuda a deixar os episódios mais dinâmicos, onde um problema aparece, mas não fica preso sem uma possível solução por muito tempo, o que por tabela, evita que a Asagiri ganha um destaque negativo.

Pensei que fossem fazer uma falha de comunicação boba com o caso do irmão dela, mas foi rapidamente resolvido.

Por mais que tenha gostado da maneira como o enredo funcionava, e me mantinha apreensivo ao que estava acontecendo, algumas outras questões acabaram chamando minha atenção, entre elas, a relação das garotas.

Por mais que de para entender os desesperos que elas passaram, e simpatizar um pouco com o passado de cada uma, por mais “genérico” que eles sejam, o salto no relacionamento das garotas parece rápido demais, para não dizer ilógico.

O primeiro arco é focado na Mahou Shoujo Hunter, uma garota que estava matando Mahou Shoujo para conseguir os bastões.

A ideia básica dessa parte acaba levando você a pensar que deveria a ver um nível de desconfiança entre elas. Na verdade, isso é meio que o clichê do gênero.

Alguém sempre vai ser traído e morto por descuido, então sair confiando na primeira pessoa que aparece na sua frente dizendo que é uma Mahou Shoujo parece meio forçado.

Isso acontece com a Nijimin, mas ainda dá para passar, já que ela tem aquele jeito louco, que parece pronta para matar qualquer um, a qualquer hora.

Só que quando chega a vez do segundo grupo se juntar a história, acaba fica um pouco mais forçado para mim, já que elas não tinham qualquer contado, e por mais que estivessem trabalhando para deter a membros do site, ainda me parece meio rápido acreditar em tudo, e sair mostrando os bastões e poderes.

Quando a Shioi entra para o grupo,  fica ainda mais esquisito, porque ela era a antiga Mahou Shoujo Hunter, que matou várias garotas e tudo mais, porém, isso vai sendo levado em uma espécie de brincadeira.

Existe um senso de urgência para justificar elas terem que se unir, mas, particularmente, me deixou um pouco surpreso como tudo levou a um entendimento mutuo tão fácil.

Talvez o timing para piadas não tenha sido o ideal aqui.

Em relação ao final, eu diria que é um caso complicado… O anime não tinha um cara de Mahou Shoujo, como falei no início, mas justamente aqui, eles tentam algo típico do gênero, forçando um poder da amizade e magia do amor, onde a lógica nem sempre é lógica.

Eu não queria que a Yatsumura morresse, mas aquela história de completar a tatuagem da outra, junto da cena da Asagiri literalmente entregando o coração para ela, não colou muito para mim.

Sim, é até bonitinho, principalmente por vir acompanhado de um discurso motivacional que dá ainda mais créditos para Asagiri, mas convenhamos que foi muito forçado, e até mesmo um pouco ausente de informações para fazer valer aquele salvamento.

Além disso, o final em si não chega a ser fechado. Elas derrotaram o vilão, mas é nítido que muita coisa ficou em aberto, e que a história ainda tem muita para responder, inclusive com alguns personagens apareceram, mas não sendo explorados direito.

Como esse cara, por exemplo…

Mahou Shoujo Site conseguiu se mostrar um opção interessante de entretenimento nessa temporada. A animação se manteve estável, e por mais que a história não fuja muitos de alguns clichês, ainda consegue se manter agradável de acompanhar.

Para quem gosta de obras um pouco mais pesadas, pode ser uma alternativa interessante, mas vale lembrar que a intensidade dessa violência não chega a ser uma das maiores vistas por aí.

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E você, que nota daria aos episódios?

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Extra

Não chegou no nível de Kakegurui, mas tinha algumas caretas bizarras.

Se foi contextualizado, então não era fanservice.

Ainda foi pouco…

Já foi tá melhor que alguns animes por aí.

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.