Banana Fish #01 e #02 – bem-vindo ao mundo do crime| Impressões Semanais
Depois da adaptação de Parasity e Devilman, obras das décadas de 80 e 70 respectivamente, a indústria de animação japonesa traz outra obra dos anos 80, mas novamente ambientada para o presente. Banana Fish era uma das minhas estreias mais esperadas e não decepcionou.
Apresentando uma trama envolvendo o mundo do crime e as disputas de poder que permeiam o universo obscuro da máfia e gangues urbanas, o anime possui uma narrativa bem cadenciada com diálogos e situações bem escritas.
Não precisando de um texto altamente expositivo com o personagem dizendo em detalhes porque tal pessoa é sua inimiga ou que vai se vingar a torta e direita, toda a ação é bem direta e às vezes bem explicita no que quer apontar.
Como o fato de você já poder chegar a conclusão que Ash era uma bonequinha da máfia e abusado por seus “salvadores” antes mesmo disto ser aberto com todas as letras em seu interrogatório no segundo episódio (ou não ter lido a sinopse, ashuahsuahsua).
Outro ponto bem positivo da obra é que as situações em si são bem dinâmicas e vivas, com cada momento tendo uma boa divisão de tempo para ser desenvolvido e arquitetado.
O enredo em si realmente constrói os seus eventos e apresenta bem os seus personagens ao ponto de você se importar com o elenco, ou se empolgar quando a narrativa te puxa para um clímax, como o ocorrido no bar.
E aqui entramos em um ponto que adoro salientar em meus reviews: os personagens realmente parecem seres humanos, agem e se comportam como pessoas verídicas. Não são perfeitos: sentem medo, inveja, ódio e possuem desejos de vingança.
Assim como são tão pouco deuses intocáveis que não podem abraçar a morte. O fato de te apresentarem um personagem e ele ser amigo de um dos protagonistas não tira dele a condição de poder não ser salvo, ou de perecer com três tiros no meio do peito.
Então, Banana Fish realmente consegue te emergir em um ambiente até que meio realístico de conflitos do crime organizado, com um dia você podendo estar livre e no outro preso, ou morto em razão de uma traição ou emboscada de um grupo inimigo.
Mas talvez o que chama mais atenção é o fato do anime mostrar a polícia em dívida com o líder de uma gangue ou organização criminosa, uma realidade que é muitas vezes esquecida, as autoridades, às vezes, não conseguem controlar a criminalidade e determinados grupos acabam fazendo isto por ela.
A pacificação então nem vem através do Estado que teoricamente deveria controlar isto, mas é realizada por instâncias de poder independentes e privadas nascidas do próprio ambiente urbano conflitoso.
Mostrando também outra realidade nada coloridinha: A corrupção, com grupos criminosos tendo influência sobre instâncias públicas. Como demonstrado através do inspetor Evanstine que é subordinado (e subornado) do papa Dino.
Com apenas dois episódios já conseguimos constatar o quanto o enredo está estruturado em uma narrativa bem encorpada de intrigas, conexões obscuras, politicagem e corrupção. Portanto, não veremos poucas mortes e situações de confrontos entre grupos distintos que controlam a cidade.
Mas um dos aspectos que mais me fizeram apreciar a animação é o fato do anime não partir para uma violência muito escrachada e querer impactar com isto, pelo contrario, as situações impactam por si só sem precisarem de um foco tão grande no gore ou nas ações mais brutais.
Sendo uma violência mais “contida” e sutil, nada apelativa. A exemplo, a cena que Ash alveja Jack, o espancamento de Ash, a morte de Skipper e o vídeo de Ash sendo violentado.
Todas as ações citadas são densas e pesadas, mas em momento algum a direção quis salientar tanto tais atos e impactar visualmente, mas o impacto é alcançado pelo próprio desenvolvimento da ação: a narrativa.
E talvez em algum momento acabem apresentando cenas um pouco mais fortes, contudo, eu prefiro que a produção se mantenha assim, com o foco todo nas interações e no desenvolvimento dos personagens do que querer evidenciar demais a violência que é um elemento secundário no texto.
Além disso, os personagens são bem estruturados e apresentam características que agradam o público ou pelo menos não o faz detestá-los, como o carisma de Skipper ou o temperamento forte e sagaz de Ash.
E até Eiji, que é um personagem mais padrão com uma personalidade mais gentil, não acaba desagradando tanto por agir quando preciso e não ser apenas um bebê chorão e que reclama da situação que se encontra.
Assim sendo, apenas pelo enredo e os personagens a história já valeria a pena ser vista, mas somos presenteados como uma animação consideravelmente bem consistente e dirigida.
Os ângulos são bem escolhidos e mesmo que a direção não utilize de uma variação muito grande deles no storyboard e crie uma obra prima utilizando de criatividade e certa complexidade, ele consegue fazer o trabalho, entregando até de forma descente cenas chaves e importantes.
Apesar de que é óbvio que, dependendo do diretor e animador, estas cenas poderiam sair melhor produzidas, contudo o produto final dessa produção não é ruim, mas bom e fluido a maior parte do tempo.
A briga no bar por exemplo, saiu bem coreografada e movimentada, sendo que outros animes não conseguiriam entregar uma animação daquela, apesar de não ser tão longa.
Acrescenta a isto o fato que a produção também está conseguindo fazer um bom uso de clifhangers, fazendo cortes nos momentos certos e que te incentivam a continuar acompanhando.
Mas como nem tudo é flores, só não dou 5 estrelinhas para a obra, porque ela possui umas situaçõezinhas que não precisaria de um especialista para averiguarmos o realismo contestável.
Como Ash controla a aderência de um carro com as mãos amarradas sem quebrar metade dos ossos dela, ou o Eiji saltar mais de 3 metros com uma barra de ferro enferrujada (sério autor? vendo muito filme de ação hein) .
No entanto, apesar desses abusos típicos de obras de ação, o anime consegue ser até que consideravelmente pé no chão em sua proposta e os cenários são bem desenhados e compostos, possuindo uma boa mescla de CG com 2D.
A trilha sonora também é eficiente e bem aplicada, então apesar de não ser tão marcante, ela é boa e cumpre o seu papel.
E por todas estes pontos apresentados, Banana Fish é a estreia que considero com maior potencial da temporada, por ter um enredo sério, provavelmente imprevisível e que se propõe a quebrar alguns tabus.
[yasr_overall_rating]
E você, que nota daria aos episódios?
[yasr_visitor_votes size=”medium]
#Extras