Goblin Slayer #03 – Impressões Semanais

 

Confesso que por 0,05 segundos pensei que tivesse aberto um episódio de No Game No Life, devido aquela introdução animadinha sobre Deuses jogando dados para decidir o futuro do mundo.

Sim, isso é apenas uma brincadeira para descontrair, mas também, no fundo, não deixa de carregar uma sutil ironia a esse episódio de Goblin Slayer.

Não existe nenhuma regra dizendo que fantasias dark não podem ter um humor mais descompromissado, ou que devam, obrigatoriamente, colocar o máximo de cenas noturnas, de preferência com chuva, para dar o clima certo.

Essa questão de padrões de um gênero pode render algumas boas reflexos a respeito, e era onde eu justamente queria chegar.

Até que ponto dá para dizer que a fuga de rotinas é um erro ou um acerto dentro de uma obra?

Será?

O grande evento desse episódio é a junção, e apresentação, do grupo misterioso da semana passada, e os seus ideais que, assim como tal, são bem simples.

Os personagens seguem modelos bem comuns em obras do tipo (elfa, anão, algum ser humanoide híbrido com animal, e por aí vai), onde suas relações também não se sobre saem muito, e brigas e piadas sobre aspectos de cada raça são o que basicamente desenvolve todos os diálogos mais rotineiros até o final do episódio.

Para quem esperava personagens mais excêntricos, ou que trouxessem personalidade para o grupo, provavelmente esse deve ser um dos aspectos que mais ressaltaram no episódio, já que o grupo é de fato clichê.

Aquele velha rotina sobre elfos…

Porém, em conjunto com piadinhas sobre orelhas pontudas, tamanhos do peito e diferenças de idade, surgiu algo que me fez pensar naquilo que falei no início do texto.

Até que ponto eu estaria disposto a ver aquele tipo de interação em uma obra que me vendeu um conceito sério e sombrio?

Definir padrões ajudam a chegar a um consenso sobre determinados assuntos, mas não significam ser uma regra absoluta, ou pelo menos não deveriam, na minha opinião.

O que me incomodou no episódio não foi a adição de um grupo isekai genérico com um lagarto estremecendo por experimentar queijo derretido. O que me incomodou foram situações que destoam da própria obra sem qualquer consideração com a mesma.

Como por exemplo, essa cena.

Eu acabei rindo dessa obsessão do protagonista em enxergar goblins em tudo, mas depois parei para pensar, e percebi que isso não deveria acontecer, por mais que o meme em cima seja muito bom.

O Goblin Slayer é um personagem sério, apático e sem emoções, com um objetivo fixo, onde toda sua vida é centrada nisso, literalmente um especialista, então não consigo enxergar ele questionando algo tão óbvio daquela forma, nem mesmo usando a desculpa de ignorância informativa da idade média, onde ele poderia, supostamente, nunca ter ouvido falar de outras raças civilizadas do mundo, para justificar.

Essa ausência de lógica acaba indo para o lado mais cômico, mas novamente, não dá para imaginar alguém nesse perfil quebrando o gelo com um erro tão bobo assim.

Eu sei que talvez parece que estou pegando no pé de uma aspecto especifico demais do episódio, mas isso acaba acontecendo porque toda a situação está diretamente ligada a um dos pontos que mais gostei da história até aqui.

Obsessão é pouco.

Quando você ironiza, ou melhor, cria uma situação de deboche em cima da principal característica do protagonista, acaba desvalorizando toda a construção da obra.

A elfa estava alertando sobre um perigo global, e tudo o que o Goblin Slayer pensava era sobre os ataques as vilas, e em matar as benditas criaturas.

Essa inversão de valores vai muito além de uma simples vingança, e acaba indo para um nível de problema mental. Ele não é uma espécie de herói que caça goblins para ajudar o mundo, muito menos um anti-herói com alguns problemas morais.

Salvar as pessoas é um mero efeito colateral do que ele está fazendo ali, e por mais que não seja um completo robô, o Goblin Slayer não é o tipo de pessoa que se sensibiliza de forma que consiga expressar algum senso de humor.

Esse episódio mistura esses dois aspectos de uma forma que não funciona lá muito bem, e cria uma condição onde, ao menos do meu ponto de vista, desvaloriza justamente um dos poucos pontos que daria para chamar de original dentro da obra.

Então não confunda elfos com eles na próxima…

Eu espero que tenham mais cuidado sobre como relacionar esse tipo de coisa no futuro, já que o Goblin Slayer é um dos principais aspecto que fazem a obra funcionar, e se ele não consegue dar credibilidade para a própria concepção, não vai ser um preludio sobre mais um rei demônio despertando que vai conseguir sustentar a obra.

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E você, que nota daria ao episódio?

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Extra

Em relação ao fator clichê do grupo…

Não tiro a razão de quem achar o grupo extremamente clichê. De fato, nenhum personagem tem características marcantes que os coloque em algum lugar além de típicos seres de mundo de fantasia, mas eu não vejo isso como um problema, já que nenhum deles tem um nome, sendo sempre relacionados por algum título ou apelido.

Isso me leva e enxergar uma relação onde o autor abriu mão de personagens únicos (como nomes e características marcantes), em prol do objetivo de criar um ambiente onde esse efeito genérico seja usado a  favor da obra em algum aspecto. Agora, se isso vai ser bem aproveitado em Goblin Slayer, só o desenrolar da história vai dizer.

Eu, sinceramente, não entendi o sentido dessa conversa… Era só para referenciar os pergaminhos, ou eu perdi algum foreshadowing no meio?

Interessante…

Bem legal essa discussão sobre os mitos que envolvem os goblins na história, em especial essa versão da lua que o próprio protagonista conta, cria uma relação mais elaborada das criaturas com o mundo, além do já clássico visto por aí. Só espero que isso não seja um spoiler do final da história, onde ele vai para lá terminar o serviço xD

É basicamente um Isekai, mas na perspectiva de um cara que ficou farmando na área inicial :v

famoso plot device funcionando.

Gif da flecha teleguiada da elfa.

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.