‘Eu quero comer o seu Pâncreas’ é muito bom! (e lembra Kimi no Uso) | Review
Kimi no Suizou wo Tabetai, ou em tradução literal “Eu quero comer o seu Pâncreas”, é uma proposta curiosa. Quer dizer, não é todo dia que o filme começa te mostrando a protagonista morta para depois mostrar como ela chegou ali. A última vez que vi isso foi em “O túmulo dos Vagalumes”. Nele, no entanto, ninguém tinha doença terminal desde o começo, então mostrar quem morre foi só um spoiler sem sentido ao meu ver, que me tirou um final mais marcante e inesperado.
Não misturem as propostas, no entanto, a única coisa em comum entre esses filmes é mostrar o final no começo. Pâncreas é sobre como uma pessoa pode mudar a vida de outra em pouco tempo, e sobre o valor de viver a vida, aproveitando cada minuto. A morte em si já é esperada desde que você lê a sinopse com “doença terminal”.
Temos a protagonista carismática que está com uma doença terminal no pâncreas, e um garoto antipático e solitário por quem ela acaba se interessando. Como o único a descobrir seu segredo e não se importar ou começar a trata-la diferente por isso, acaba como a única pessoa a conseguir lhe passar a normalidade que busca em seus últimos meses de vida.
O garoto desinteressado vai ficando mais interessado, e a química entre os dois começa a rolar. O romance está lá, mas não é o foco (infelizmente), apenas um extra. O que fica é a mudança que ela consegue trazer ao protagonista, ao seu modo de viver.
Muitos vão se lembrar de Kimi no Uso, porque as semelhanças são imensas, ambos tem protagonistas doentes super carismáticas se apaixonando e ajudando a mudar a vida de alguém. E até a parte final tem lá suas semelhanças (a cena da carta vs diário).
Não são a mesma história, no entanto, ou sequer tem personagens iguais, apenas tem semelhanças. Se gostou de um vale muito a pena ver o outro, inclusive.
A maior surpresa de Pancreas fica para algo que ocorre perto do final. Gosto de quebras de expectativa, mas não exatamente das que causam o que chamamos de anti-climax. Diria até que o maior desafio de ir pelo caminho inesperado é fazer dele algo tão legal quanto o esperado, e o que poucos autores conseguem, infelizmente.
Felizmente conseguem compensar o “anti-climax” com a parte do diário que vem depois, que é linda, tanto visualmente quanto pelo texto, mas fico imaginando se não seria mais emocionando o final clichê para esse tipo de história (não, nada de magia para salvar o doente, mas não posso entrar em muitos detalhes sem dar spoilers do maior twist desse filme).
Vale elogiar a parte técnica também. Direção muito competente, e animação de primeira, com muita fluides quase o tempo todo, o que ajudava a dar ainda mais carisma a protagonista.
Só a trilha sonora que ficou no “apenas competente”, tirando as partes letradas, não chega a chamar atenção como a de Shigatsu wa Kimi no Uso (tem ela no vídeo acima, quando falei de Kimi Uso coloquei por trás a main theme), que te fazia derramar rios dos olhos só com instrumental. Até por isso (eu ser muito afetado pela trilha sonora) acabei nem chorando no final, apenas achando um filme bonito. Enquanto em Shigatsu, cada vez que a main theme (essa) tocava em um momento emocionante começava a sair muito suor másculo dos meus olhos, principalmente na cena final da carta.
No fim, mesmo dividido quanto a escolha do autor de fazer “aquilo”, eu gostei bastante do que vi, e para quem busca uma história bonita, uma protagonista carismática, e um bom desenvolvimento de personagem, vale muito a pena. E se gostou desse, vá ver Kimi no Uso depois, e vice-versa.