Carole & Tuesday #03 – Impressões Semanais | Lavando roupa suja
Depois de uma análise introdutória, onde apresentei toda a staff premium envolvida na obra. Chegou a hora de começarmos a abordar mais o roteiro; propriamente dizendo.
No primeiro episódio, o Gus mostrou-se uma incógnita. Particularmente falando, eu achei que ele seria um cara “turrão” preso ao passado que não aceitaria a música das meninas. Porém, fui totalmente surpreendido quando ele se oferece como manager/empresário das mocinhas; ao término do segundo.
Sinceramente, ainda não sei se é de “bom coração”. Até porque, pelo que podemos perceber, o Gus está na “lama”, certo? Óbvio que ele vê o talento das protagonistas como um modo de subir na vida. Espero que trabalhem bem o desenvolvimento do Gus para que possamos entender as motivações dele de forma mais clara.
A interação das meninas com Gus e Roddy na pizzaria foi divertida ao passo que explicativa também. Acho que o primeiro ponto notável é o contraste de personalidade de Carole e Tuesday. Enquanto a morena mostrou-se muito desconfiada (demorando para aceitar a proposta do Gus). A Tuesday foi bem receptiva. Chegando a usar um ditado de Herschell para dar ênfase a sua aceitação: “Se não entrar no rio, não pode pegar o Castor.” (????)
Inclusive, a Tuesday tem o arquétipo de garota do interior deslumbrada com a cidade grande. Me lembra um pouco da série Sunny entre estrelas. Uma das marcas da época que o Disney Channel era bastante divertido (saudades Demi Lovato atuando). Sinceramente, eu espero que tenhamos, quem sabe, um conflito entre as duas protagonistas. É padrão de roteiro, e serve para que aconteça uma evolução sentimental.
Nenhum relacionamento é perfeito e livre de conflitos. De toda forma, a explicação de Roddy sobre a carreira do empresário Gus Goldman serviu para colocar o telespectador totalmente no contexto musical da época em que eles vivem.
Um diálogo expositivo muito bem usado. Afinal, além de nos apresentar ao contexto; também mostrou mais sobre o Gus. Que, inclusive, chegou a ser músico. Baterista da banda Lazy Sandwich. Um grupo que, na história, levou uma surra de críticas ruins dos especialistas, pois parecia muito com o Motörhead.
O fracasso musical o levou a carreira de produtor que, aparentemente, também não é muito boa. Eu vejo o Gus como um “carro-chefe” para a compreensão do público. E sabe por quê? Pois ele também tem de se adaptar a esse “novo mundo da música”. Assim como quem está assistindo, pois é uma história futurística.
Tanto que ele acredita que o melhor é sair fazendo o marketing em lugares menores e na lábia. Coisa antiquada; até para essa nossa geração atual. O Roddy já faz aquele contraponto da tecnologia, pois ele afirma: “o melhor jeito é um desses DJ’s famosos divulgar vocês”.
E até mesmo a internet (com o vídeo que ele postou) fez um serviço para as meninas. Além delas ganharem mais seguidores no Instagram, o vídeo chegou a muitas pessoas. Talvez se tivesse aparecido alguém reconhecendo elas na rua – seria um contraste ainda maior do pequeno sucesso que fizeram na rede.
Também não deixamos de ter um vislumbre da senhora Simmons. Vulgo mãe da Tuesday. Ela parece não estar nada preocupada com a filha. O que realmente acho que vai ocorrer aqui é essa senhora atrapalhando a garota mais para frente; querendo tirá-la da carreira artística por “envergonhar” sua trajetória política.
A Angela segue em sua saga com o Tao, vulgo doutor maluco, no laboratório. Com um pequeno diálogo que ela tem com a mãe – em dado momento do episódio – pude perceber algumas coisas. Em linhas gerais, a Angela está naquele arquétipo de “menina malvada” que vai atrapalhar de alguma forma depois, porém, por incrível que pareça, não vai ser surpresa nenhuma uma redenção.
Isso, pois claramente ela está sendo “empurrada” pela mãe a ingressar nessa carreira da música. A própria diz para filha que teve uma passagem efémera na fama, e que não queria que a Angela seguisse o mesmo caminho. Ao passo que a garota parece bem decidida, eu ainda creio que a mesma tenha algum desejo divergente da mãe – o que pode ser um alicerce para ela sair do caminho da dupla principal mais para frente.
Deixando um adendo sobre o Tao. Reconheceram a voz dele? O seiyuu é o Hiroshi Kamiya; vulgo Levi Ackerman de Shingeki no Kyojin. Toda vez que ele fala, vem o Levi em mente conduzindo aquelas experiências de música. (KKKK).
Que o Tao apela na hora de suas experiências, não há dúvidas. Mas falando em treinamentos, aquela aula de “canto” da Carole e da Tuesday foi muito engraçada. Na realidade, mais parecia um retiro de monges do que um treino de canto. A propósito, elas deviam estar treinando com a anciã para tornarem-se magas supremas! Hahaha.
Ainda sobre a dupla principal, vimos que música se faz em qualquer lugar. Bastar dispor de criatividade. É realmente um negócio absurdo! Há alguns anos atrás eu tinha um projeto de uma banda, e essa parte criativa era sempre a mais difícil. Se eu fizesse a letra, não conseguia produzir uma melodia; vice-versa.
Demorou alguns anos para eu entender que o que mais importa, em primeira instância, é a harmônia/ritmo; e esboços da letra (que costuma vir inteira depois). Nós vimos isso claramente quando a Carole começou a “batucar” ao lado da Tuesday. Ela só murmurava algumas palavras sem sentido para dar ritmo. Subsequentemente, tivemos elas criando uma letra para encaixar.
As cenas de cotidiano delas enquanto “boom boom boom yeah!” ficava grudado como um chiclete em nossas mentes; foram ótimas. Deram a impressão daqueles vídeos de backstage de produção de álbuns.
Uma música bem divertida por sinal, e que demonstra um processo criativo muito comum na indústria musical. Se vocês querem saber mais a fundo, recomendo procurarem no Youtube versões DEMO de suas músicas preferidas. Se estiverem disponíveis, vocês vão se surpreender de como era o escopo.
Chegando ao último ato, temos um vislumbre do DJ Ertegun e seu casarão. E ele é meio “zé ruela”. Mas o acontecimento que teve mais evidência foi a Tuesday queimando as partituras na frente dele. Ela entrou ali em um modo berserk? Foi engraçado a conclusão, e espero que o DJ as ajude mais. Se não for assim, que, pelo menos, não as atrapalhe.
Em linhas gerais, foi um episódio com muitas explicações. Um ponto muito positivo, pois aproxima o público ainda mais. De toda forma, a história precisa pegar um pouco mais de “vigor”. Eu gosto como alternam os núcleos, mostrando todos. E creio em um roteiro ganhando um corpo ainda maior a partir dos episódios seguintes.
Nota do Redator para o episódio: 4/5
Extras: