Aozora to Kumorizora – Um romance sobre vida e morte | Review
Aozora to Kumorizora (Azure and Claude) foi um mangá que surgiu na minha frente, e eu simplesmente li ele em um dia sem nem perceber.
A obra é escrita por Miaki Sugaru, mesmo autor de Jumyou o Kaitotte Moratta – outro mangá que pretendo falar aqui mais para frente –, que para quem conhece, sabe que é um autor que tem uma mão muito boa para trabalhar a evolução emocional dos personagens, principalmente quando o assunto é vida e morte.
No caso de Aozora to Kumorizora as coisas funcionam de uma forma bem mais definida, mas, para entender o contexto da história, primeiros temos que ir para sinopse.
No mundo do mangá, algumas pessoas recebem o poder de tomar o controle do corpo dos outros, e assim devem forçá-los a cometer suicídio. O motivo disso ainda segue como um mistério, mas a história já deu algumas nuances dos possíveis porquês de algumas pessoas serem selecionadas com base nas suas personalidades/estilos de vida.
O importante aqui é ter em mente que são outras pessoas assumindo o controle do corpo da vítima, e não é uma entidade sobrenatural, como um Deus, por exemplo.
Dentro desse cenário, a história te apresenta Azure, uma garota que passa seus dias sozinha e isolada de todos na escola. Ela não tem nenhum grande sonho ou hobby, e é escolhida como alvo por motivos que seriam spoilers, então vamos deixar de lado.
Essa primeira parte da história tem um lado mais pesado, porque você vai conhecendo esses aspectos da vida da Azure e simpatizando com ela aos poucos, além da narrativa abusar, e muito, dos pensamentos da pessoa que é a responsável por ter que criar o suicídio dela.
A grosso modo, o garoto que foi designando para matar a Azure tem pensamentos bem sádicos. Ele não quer matá-la, porque esse é um desejo da Azure (morrer), e ele não gosta da sensação de que está sendo usado, então decide que vai fazê-la ter um vida feliz, para que possa apreciar o momento em que Azure se arrependeria de morrer e pedisse para ficar viva.
Não é difícil criar uma birra dessa “voz” por trás dos pensamentos, em especial, se você for comprado pelo carisma visual da Azure, se é que podemos chamar assim.
O mangá é desenhado pelo Loundraw (Design do filme de Kimi no Suizou wo tabetai), e o estilo do artista tem um peso bem bacana na forma como a vida da Azure é contada.
Mesmo que não tenha uma exposição pelos diálogos/monólogos, você consegue simpatizar com a personagem e criar um certo apego por ela.
Vale ressaltar que, mesmo que inicialmente seja revoltante a forma como o garoto expressa seu objetivo de dar esperanças para Azure, para apenas matá-la depois, isso é muito bem dosado para não se tornar um drama repulsivo.
Com exceção de uma cena, os demais uso dos poderes do garoto são sempre em coisas simples que a Azure precisa passar, como por exemplo, conversar com os colegas de classe, e participar de atividades da escola.
Essa tentativa de dar uma vida feliz para a Azure começa a aproximar os dois, ainda mais que eles se conhecem pessoalmente bem cedo, então o garoto passa a ser uma das fontes de felicidade da Azure.
Essa estranha relação que os dois criam, vai fazendo com que você comece a querer ver algo mais próximo entre eles surgir, porque é meio nítido que ambos os lados precisam de uma pessoa para salvá-los, e esse dilema de “será que ela vai morrer”, “será que ele vai conseguir matá-la?”, torna os rumos da história cada vez mais interessantes.
Seguindo nesse sentido, vem então a segunda parte da história, que é onde entra o romance.
Por mais que parece questionável se apaixonar pelo cara que estava querendo te matar, vale lembrar que forjar o suicídio da Azure era a função do garoto, ou seja, ao passar o tempo com ela, o óbvio apenas aconteceu.
A história explica bem todo esse contexto através do passado dos personagens, o que te faz entender o lado de cada um e torcer para que as coisas deem certo no final.
A Azure tem seu lado sombrio, por assim dizer, enquanto que o garoto também tem seus problemas, e isso acaba construindo aquela relação de “lamber as próprias feridas” que eu, particularmente, gosto de ver.
O foco do mangá é essa questão de vida ou morte, se deixar matar por alguém, ou viver por ela, então o romance segue essa linha desse raciocínio.
Outro ponto interessante nessa questão, é que os dois personagens tem um química boa, e o autor não é do tipo que fica de frescura para desenvolver as coisas, onde já rola um beijo sem grandes problemas.
Infelizmente, o mangá só está traduzido para o inglês, mas tem 17 capítulos até o momento, onde bastante coisas acontecem, com direito a plot twist e tudo mais, então vale a pena dar uma conferida no história.