Jumyou wo Kaitotte Moratta. Ichinen ni Tsuki, Ichimanen de – O preço de uma vida | Review

Baseado em como você  viveu até o momento, quanto sua vida valeria? Um milhão de reais? Cem mil? Cinquenta centavos? É em cima dessa ideia que Jumyou wo Kaitotte Moratta. Ichinen ni Tsuki, Ichimanen de se concentra, e entrega um história envolvente, com reflexões simples sobre a vida, mas que conseguem te marcar bastante.

Quem sabe não te arranque algumas lágrimas no final.

A história do mangá acompanha Kusunoki, um jovem desempregado e sem esperanças que chegou ao ponto de ter que começar a vender seus objetos pessoais apenas para ter dinheiro para comer. Ele já não vê mais sentido nas coisas, e vive questionando os motivos de ainda estar vivo, já que entende que não está agregando nada para sociedade.

Em um certo dia, Kusunoki ouve falar de uma loja que compra o tempo de vida restante das pessoas e decide conferir para, quem sabe, resolver o seu problema de falta de dinheiro. Chegando lá, descobre que tem apenas 30 anos de vida e que, com base em suas ações, seu tempo vale 30 mil Ienes.

Como já não via mais sentido em viver, Kusunoki decide vender todo o seu tempo e ficar com apenas três meses para aproveitar o dinheiro que pegou, começando assim a história do mangá.

Uma ideia bem interessante por traz da história.

Como dá para ter uma leve ideia pela sinopse, o mangá não tem medo de trabalhar questões delicadas como a morte. Por mais que tenha escolhido viver três meses, indiretamente ele também estava desejando pelo suicídio, então a história tem esse ar pesado, sobre valor de uma vida e coisa do tipo.

Em comparações com outras obras do gênero, como o grande Oyasumi Punpun, o mangá é bem mais light. Tem uma cena em questão um pouco mais pesada, quando o protagonista reencontra uma amiga de infância, mas, no geral, o mangá é mais reflexivo do que depressivo.

A vida do Kusunoki não é das melhores, mas com o desenrolar da histórias você começa a observar certas mudanças, e isso traz um sentimento mais positivo e gratificante com o passar do tempo.

Não precisa ser tão apreensivo quanto Punpun.

Boa parte disso se a deve a Miyagi, uma personagem bem importante na história. Ela é uma das peças fundamentais para obra funcionar, e traz um certo charme e mistério para a história, que te ajuda a ficar bem interessando no começo.

Ela é enviada para o Kusunoki como sendo sua observadora, que basicamente seria uma pessoa responsável por cuidador daqueles que vendem seu tempo de vida, já que muitos costumam entrar em desespero quando o tempo final está chegando e começam a causar problemas.

Além de Miyagi servir para ajudar Kusunoki a encontrar alguma coisa para fazer com os três meses de vida que sobraram, como por exemplo criar uma lista de “última coisa a se fazer antes de morrer”, ela também o ajuda a perceber outras coisas em sua vida.

Na mesma linha, por causa do contato com o Kusunoki ela acaba sendo mudada, o que faz com que a personagem também tenha seu desenvolvimento dentro da história.

O romance entre os dois acontece de forma natural e tranquila, progredindo bem, mas sem acelerar muito as coisas, então se torna uma relação satisfatória de acompanhar, com ambos os lados aprendendo e tendo algo a oferecer para o outro.

O shipp é bom.

Por fim, e talvez o mais importante, o mangá oferece uma experiência bem peculiar em relação a essa questão de valor de uma vida e escolhas de como se viver.

Eu sei que dizer para ir ler não é a melhor forma de vender  a ideia, mas, no caso desse mangá, é complicado colocar em palavras (ou texto) como foi acompanhar a história nesse sentido mais filosófico.

A obra é curta, finalizada com 18 capítulos, mas, em curtas palavras, você consegue refletir bem sobre como coisas pequenas na vida podem ser importantes, e o que as pessoas pensam sobre você pode ser apenas um obstáculo para alcançar a dita felicidade.

A forma como a relação do casal se desenvolve, e como isso te mostra que viver pode ser algo bem mais simples e gratificando do que muitos pensam ser, além de passar uma mensagem sobre ser feliz dá forma com bem entender, ao invés de tentar se encaixar nos padrões de felicidades que existem por aí, fazem valer bem a pena a leitura do mangá.

Alguns plot twist entram no meio disso, o que torna a leitura cativante e movimentada, já que em alguns capítulos você se pega interessado em saber como aquilo vai terminar.

A conclusão da história, por sinal, foi algo que me deixou muito satisfeito, com o final agradando ambos os lados, tanto de quem prefere ver algo mais realista e sem conveniências pelo happy ending, quanto para quem torcia pelo romance entre os dois.

Os momentos finais dos dois são bem legais.

Em resumo, Jumyou wo Kaitotte Moratta. Ichinen ni Tsuki, Ichimanen de é uma obra simples, mas que entrega uma experiência bem única quando se trata do seu tema. Além de um romance cativante, o mangá da espaço para reflexões e questionamento sobre assuntos interessantes e profundos, mas sem tornar isso algo maçante ou pesado.

Para quem procura alguma história curta, o mangá certamente é uma ótima recomendação, que cumpre bem tudo o que se propõem dentro do tempo que dispõem na história.

 

 

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.