Saekano Fine – O tão aguardado final! | Review
Saekano foi uma das obras que me marcou bastante no inicio dessa minha jornada Pokemon no mundo dos animes. Além de trazer um clima bem legal com as interações entre os personagens, a temática me deixava bem empolgado, principalmente por envolver produções de jogos e tudo mais relacionado a criação de conteúdo.
Sendo assim, esse filme era um dos meus grandes hypes do ano, já que, pelos poucos spoilers que peguei da novel, a história tinha terminado bem e isso me deixava animado para ver a adaptação.
Resultado? O filme sim, tem seus problemas, mas traz aquilo que eu queria ver, de forma simples e direta, sem perder a identidade e entregando um ótimo final para essa comédia romântica que amo tanto.
Saekano nunca foi uma obra complexa. A história é bem simples e direta ao ponto, e no caso do filme isso não é diferente. Não tem um grande dilema, muito menos reviravoltas empolgantes e cheias de explicações.
Tudo ainda é voltado para os personagens e a forma como eles encaram aquilo que tanto amam fazer, no caso, jogos, ilustrações e histórias. Porém, se engana quem pensa que com isso as coisas se tornaram menos cativantes.
O enredo pode ainda ser preso a rotina de ter prazos de entrega, problemas inesperados na produção do jogo e coisas do tipo, mas ele consegue pontuar bem o que é importante.
Um bom exemplo disso é a introdução do filme, que me fez sentir um misto de sentimentos. Ao mesmo tempo que ver o logotipo da Blessing Software em um trailer causa aquela sensação de que as coisas estão terminando e todo o trabalho duro dos personagens teve resultado, ver as primeiras imagens do novo jogo que eles tanto se esforçaram para fazer, passa aquele sentimento de “recomeçar”.
Na verdade, quando paro para pensar, Saekano Fine é um final que não tenta de puxar para aquele sentimento de despedida. É como se a história tentasse te mostrar que os personagens estão seguindo para o futuro e não encerrando o presente, e melhor prova disso, nada mais é, do que a relação do Tomoya com a Kato.
A Utaha é uma Deusa, maravilhosa, tudo de bom, mas, desde a segunda temporada, a Kato já tinha ganhado minha preferência como par romântico. Ela é de longe a que deu mais apoio para o Tomoya, e os dois basicamente já viviam um namoro, só não sabiam disso.
Esse filme se dedica em mostrar um pouco mais desse aspecto, e o faz muito bem. Como foi com a Eriri e a Utaha, o objetivo do autor era mostrar que as heroínas ali também tem vida, que elas são pessoas e possuem sentimentos e, claro, falhas.
A Kato vinha apresentando claras evoluções no seu personagem, ficando cada vez mais expressivas, e nesse filme ela tem ainda mais oportunidades de fazer isso.
São vários momentos em que ela deixa claro que estava irritada pelas ações do Tomoya, mostrando desconforto pela relação dele com as outras garotas e se sentindo ansiosa pela falta de atenção que ele tem. Você conhece muito mais partes da personalidade dela, em especial, a forma como ela se vê em comparação as duas rivais.
Para alguém sem talentos, que mal se destacava na multidão, bater de frente com gênios como a Eriri e a Utaha é algo impossível, ainda mais quando as duas estão diretamente envolvidas como o grande interesse do Tomoya.
Essa frustração é algo que vai sendo trabalhado durante o filme, chegando ao ponto de se mostrar como um egoísmo positivo da personagem. A Kato sempre aceitou tudo e seguiu o fluxo dentro do grupo. Ela nunca se expressou, como a gente mesmo brinca, mas isso tudo teve um fim aqui.
Uma das cenas que mais me marcaram no filme foi ela chorando e dizendo que o Tomoya era dela. Isso foi muito importante para personagem, porque ela nunca teve voz. Ela assistia de longe, e precisava aprender a se impor e expressar o que sentia.
Se a evolução da Kato é algo digno de nota, chegou a hora de falar um pouco dos problemas do filme. Eu não sei ao certo quantas novels foram compiladas aqui, mas a grosso modo não senti que ficou rushado a história.
Os cortes foram bons, mas isso não significa que eles sejam perfeitos. Alguns coisas você sente que fazem falta, como por exemplo a reunião que o Tomoya participa para conseguir um prazo adicional para a Utaha e a Eriri.
Na prática não muda nada a história, mas é algo que você fica se perguntando como aconteceu, já que era um colegial sem qualquer fama indo pedir para uma empresa, não só revogar a decisão de remover as duas garotas do projeto, como também dar um novo prazo que, diga-se de passagem, já estava atrasado.
Além disso, tem aquela velha questão de aproveitamento de personagens. A Kosaka se mostrou extremamente divertida (aquela cena no bar é hilária), mas acabou sendo pouco aproveitada, já que tinha outras coisas mais importantes para mostrar.
No geral, os erros do filme são mais em cima de coisas que poderiam ter sido melhores utilizadas se tivessem apostado em uma terceira temporada, já que teria mais tempo de trabalhar esses problemas e, que sabe, depois disso lançar um filme mais focado no romance principal.
Falando no romance, vamos ao que realmente importa. Para quem gosta do tão esperando beijo, o filme não decepciona e entrega vários deles.
O interessante em tudo é que o romance acaba sendo feito de forma indireta na história. O Tomoya não tem aquele estalo de dedos e percebe que está apaixonado, ele apenas vai lá e se confessa e pronto.
Como falei no inicio do texto, ele e a Kato já estavam namorando, apenas não sabiam disso, e a direção apostou em cima desse aspecto para fechar o casal.
O Tomoya passa o filme escrevendo a rota final da Megurin, claramente inspirada na Kato, e é através disso que ele “percebe” o que sente e decide tomar atitude depois de ter pisado na bola com ela (aka, ido atrás da Utaha e da Eriri). Isso não é dito abertamente no filme, e o máximo que dá para supor é através de algumas linhas do roteiro que vão sendo mostrados ao longo da história.
Isso pode até causar a sensação de que ele tomou a decisão meio que do nada, ainda mais se a versão que você estiver vendo não se deu ao trabalho de traduzir essas linhas, mas foi uma ideia que achei legal, já que um pouco da insegurança da Kato também estava relacionado a visão que o Tomoya tinha dela como heroína.
Ele não chega a escolhê-la especificamente como garota, mas sim como a combinação entre as duas, já que era assim que ele via a Kato, como sua heroína também.
De qualquer forma, o bacana é que a relação dos dois é super natural e bonitinha de ver, com direito a um primeiro beijo todo atrapalhado e algumas crises de ciúmes da Kato depois disso. Não tem um encontro propriamente dito, mas, de novo, eles já estavam namorando, só não tinham oficializado, então eu não senti falta de mais momento de casal.
Por último, o final do filme é aquela cereja no bolo que todo mundo quer! Além de dar um skip no tempo para mostrar como os personagens ficaram, eles ainda fazem isso no melhor estilo Saekano, com uma trollada criativa e aquelas quebras da quarta parede que eu tanto adoro.
Tudo o que você provavelmente tinha curiosidade em saber é mostrado ali, com o Tomoya e Kato morando juntos (os nomes na placa eram diferentes, então ainda não casaram), a Blessing Software ter se tornado uma empresa de verdade, e o Tomoya ter alcançado a Utaha e a Eriri, onde a volta das duas é justamente para serem contratas por ele, fechando tudo o que foi prometido na segunda temporada.
Em outras palavras, o pós-crédito do filme é aquele fanservice que todo fã quer ver, e faz com que você sinta que tudo o que acompanhou até ali valeu a pena.
Em resumo, Saekano Fine sofre com o limite de tempo que adaptações em filme normalmente tem, mas é preciso em entregar o que deve para finalizar a obra.
A direção tentou ao máximo manter a identidade das temporadas, se focando no que era importante e trabalhando a relação principal do casal.
Para alguém que ficou muito impressionado com a segunda temporada, o filme consegue ser um final competente para mim, me fazendo terminar com um sorriso no rosto por ter acompanhado a obra até aqui.
Extra
Utaha foi uma baita personagem nesse filme. Além de ter mostrado uma ótima maturidade com a situação, ainda serviu de apoio emocional para Eriri e manteve as coisas no eixo.
É esse tipo de desenvolvimento que os autores de romance deveriam se preocupar em fazer. Mesmo que a preferida de alguns não ganhe, dando uma conclusão e amadurecimento apropriado para ela, você não se sente frustrado.
A pergunta da Eriri, e o choro do Tomoya, eram algo que eu não imaginava que fosse acontecer. Foi uma cena tão sincera que deu para sentir totalmente como a relação dos dois era profunda no passado, e o preço que eles pagaram pelo tempo que ficaram longe.